Estresse: o inimigo invisível que pode causar um AVC – e o que você pode fazer para evitar
Exposição constante a tensões do dia a dia pode ser um grande fator de risco para acidentes vasculares cerebrais; atenção aos sinais é fundamental

Brazil Health
Quando falamos em acidente vascular cerebral (AVC), é comum pensar logo em pressão alta, colesterol, diabetes ou cigarro. São os vilões clássicos, amplamente divulgados. Mas existe um outro fator, silencioso, cotidiano e muitas vezes ignorado, que pode ser tão perigoso quanto todos esses: o estresse crônico.
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Vivemos em um ritmo acelerado, cheios de prazos, cobranças, medos e inseguranças. São reuniões sem fim, contas acumuladas, falta de tempo e excesso de preocupações. A vida moderna exige muito – e devolve pouco tempo para respirar. E é justamente aí que mora o perigo: o estresse constante, dia após dia, vai minando o organismo silenciosamente. Quando percebemos, o corpo já está gritando – muitas vezes, por meio de um AVC.
O estresse e o risco real de AVC
O que poucos sabem é que o estresse não afeta só o humor ou o sono. Ele mexe com todo o corpo. Ativa hormônios como o cortisol e a adrenalina, que aumentam a pressão arterial, aceleram o coração e inflamam o organismo. Quando isso acontece por longos períodos, os vasos sanguíneos se tornam mais frágeis, o sangue mais propenso a formar coágulos – e o cérebro, mais vulnerável a um derrame.
Além disso, o estresse nos empurra para hábitos que só pioram o cenário: dormir mal, comer mal, deixar de se exercitar, fumar, beber mais, ignorar consultas médicas. É um ciclo perigoso, no qual o estresse alimenta os maus hábitos, e os maus hábitos amplificam o estresse – um terreno fértil para doenças graves.
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Como se proteger e cuidar da saúde mental
Estudos internacionais sérios mostram que o estresse emocional e o estresse no trabalho estão diretamente ligados a um aumento significativo no risco de AVC. E não estamos falando de algo pequeno: o risco pode subir de 30% a 40% em pessoas expostas a altos níveis de estresse diariamente. Em certas populações mais vulneráveis, como mulheres que vivem sob pressão social e econômica intensa, esse risco é ainda maior.
Pesquisas recentes revelam que traços emocionais como hostilidade, ansiedade constante e pessimismo têm relação direta com maior propensão a sofrer um AVC. E o contrário também é verdade: pessoas com mais equilíbrio emocional, que cuidam da saúde mental, têm menor risco de desenvolver doenças cardiovasculares.
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É possível prevenir. E você pode começar agora
Cuidar da mente não é frescura. Não é luxo. É uma das decisões mais inteligentes para quem quer viver mais e melhor. Incorporar pausas no dia a dia, buscar ajuda psicológica, conversar com quem se confia, adotar atividades físicas, cuidar do sono, aprender a dizer "não" quando necessário – tudo isso é estratégia de proteção. Não só contra o estresse, mas contra o AVC, o infarto e várias outras doenças.
Cuidar da mente é cuidar do corpo. E prevenir um AVC começa por aí. Não se trata apenas de evitar o que faz mal, mas também de se aproximar do que faz bem.
Ouça o que o seu corpo está dizendo. Respeite seus limites. Proteja seu cérebro.
O estresse pode até fazer parte da vida moderna, mas ele não pode ser normalizado. Sua saúde vale mais. Seu bem-estar importa. E está nas suas mãos começar essa mudança.
*Diego Bandeira é neurologista e membro da Brazil Health (CRM/CE: 11.379 | RQE: 11.817)