Dor que não passa: Quando o corpo cobra o excesso nos exercícios
Microfraturas e dores constantes podem indicar que o corpo está pedindo uma pausa dos treinos intensos


Brazil Health
As fraturas por estresse são lesões cada vez mais comuns entre pessoas que praticam corrida, dança, crossfit e outros esportes de alto impacto. Diferente das fraturas causadas por quedas ou acidentes, elas surgem de forma silenciosa, como resultado do esforço repetitivo e da sobrecarga que o corpo já não consegue compensar. São pequenas fissuras nos ossos provocadas por um desgaste maior do que a capacidade natural de recuperação — uma resposta biológica ao excesso de treino, à falta de descanso e ao desequilíbrio físico.
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Quem está mais vulnerável e como o corpo avisa
Embora possam acontecer em qualquer pessoa, as fraturas por estresse afetam com mais frequência atletas e pessoas que aumentam a intensidade do exercício sem preparação adequada. As áreas mais afetadas costumam ser a tíbia, o fêmur, os ossos dos pés e do quadril. Em corredores, o impacto contínuo com o solo; em bailarinos, os saltos e movimentos de ponta; em militares ou praticantes de musculação, o treino de resistência — todos esses movimentos, somados à fadiga e à baixa absorção de nutrientes, favorecem o surgimento da lesão.
O corpo costuma avisar antes. A dor começa sutil, durante o esforço, e vai ficando contínua, mesmo em repouso. Diferente de uma distensão muscular comum, a dor da fratura por estresse é localizada, aumenta ao toque e piora com a atividade. O inchaço e a sensibilidade na região da lesão também são sinais de alerta. Ignorar esses sintomas é o erro mais comum: ao insistir no treino, a pessoa transforma uma microfissura em uma fratura completa, o que pode exigir imobilização prolongada ou até cirurgia.
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Diagnóstico precoce e prevenção são as chaves da recuperação
O diagnóstico precoce é fundamental. O raio-x nem sempre detecta as microlesões nas fases iniciais, por isso, a ressonância magnética é o exame mais recomendado para confirmar o quadro. Depois de identificada a fratura, o tratamento envolve repouso, fisioterapia e, em alguns casos, suplementação nutricional para melhorar a cicatrização óssea. Em lesões graves ou repetitivas, pode ser necessário o uso de botas ortopédicas ou afastamento temporário das atividades físicas.
Prevenir é sempre a melhor opção. Isso passa pelo planejamento dos treinos com aumento gradual da carga, atenção à alimentação — especialmente ao consumo de cálcio, vitamina D e proteínas —, descanso adequado e fortalecimento muscular. Também é essencial respeitar os sinais do corpo: dor persistente nunca deve ser ignorada.
As fraturas por estresse mostram que o verdadeiro desempenho não está apenas em ultrapassar limites, mas em conhecê-los. O corpo é o maior aliado de quem pratica esportes — e também o primeiro a sinalizar quando precisa de cuidado.
*dra. Marina Melhado é ortopedista e traumatologista, membro da Brazil Health