Doença misteriosa: água envenenada pode ter causado mortes no Congo, diz OMS
Metade dos óbitos ocorreram em até 48 horas após o aparecimento dos primeiros sintomas; entenda

Wagner Lauria Jr.
com informações da AP
As autoridades da República Democrática do Congo (RDC) investigam envenenamento de água como possível causa de uma doença misteriosa que já deixou dezenas de mortos no país. A suspeita foi mencionada pelo chefe de emergências da Organização Mundial da Saúde (OMS), Mike Ryan, durante uma coletiva de imprensa.
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Segundo Mike, "há indicações das autoridades (da RDC) de que há um nível muito forte de suspeita de um envenenamento de uma fonte de água". No entanto, o chefe de emergências não detalhou qual seria a origem desse envenenamento, ou seja, acidental ou proposital.
A vila de Bomate, na zona de saúde de Basankusu, a cerca de 200 km de Boloko, foi a mais afetada: 98% dos casos e 86% das mortes foram registrados na região, dizem autoridades de saúde.
Dados divulgados pelo escritório regional da OMS para a África indicam que, desde janeiro, foram registrados 1.365 casos e 67 mortes relacionadas ao surto. Inicialmente, a doença foi identificada em três crianças que comeram um morcego.
Metade das mortes ocorreram em até 48 horas após o aparecimento dos primeiros sintomas, que incluem febre, calafrios, dores de cabeça e musculares, diarreia, tontura e dificuldades respiratórias.
Segundo Ryan, outra provável suspeita poderia ser um de "evento de tipo tóxico, seja de uma perspectiva biológica, como meningite, ou de uma exposição química". Além disso, há os casos de malária identificados na semana passada no país africano.
Identificação de casos de malária
Centenas de pessoas testaram positivo para malária, uma doença infecciosa aguda causada por protozoários transmitidos pela picada do mosquito Anopheles, na província de Equateur, no noroeste da República Democrática do Congo, em meio a uma onda de doenças que já ultrapassou mil casos e causou 60 mortes.
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Na ocasião, a OMS afirmou que, apesar da malária ser uma doença comum na região, ainda são necessárias investigações epidemiológicas e clínicas detalhadas, bem como testes laboratoriais adicionais.
A agência relatou que os primeiros surtos foram identificados em duas vilas separadas por mais de 160 km, no final de janeiro, e que até o momento quase 1.100 casos foram registrados.
Testes laboratoriais já descartaram infecções por Ebola e Marburg, ambos vírus altamente letais responsáveis por surtos esporádicos na África.
Das 571 amostras analisadas, 54,1% testaram positivo para malária, o que pode indicar que a doença tem contribuído para o agravamento do quadro clínico dos pacientes. Novas análises estão em andamento.