Dia da Diabetes: Como saber se sou diabético? Quais são as novidades no tratamento?
Condição, muitas vezes assintomática, afeta cerca de cerca de 20 milhões de brasileiros; saiba quais são as formas da doença

Wagner Lauria Jr.
O Brasil chega ao Dia Nacional do Diabetes com cerca de 20 milhões de pessoas que convivem com a doença, segundo a Sociedade Brasileira de Diabetes.
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Por ser uma condição silenciosa e muitas vezes assintomática, muitas pessoas se perguntam como é feito o diagnóstico, especialmente diante das atualizações nos critérios estabelecidos.
Segundo a médica endocrinologista Daniela Fernandes, membro da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), um dos marcos recentes na detecção da doença foi a atualização do teste oral de tolerância à glicose, conhecido como curva glicêmica.
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“A Sociedade Brasileira de Diabetes passou a considerar o valor da glicose após uma hora da ingestão da carga de açúcar. Se esse valor for superior a 209 mg/dl, já é suficiente para o diagnóstico de diabetes”, explica.
A mudança torna o processo mais ágil e permite intervenções precoces, segundo a especialista.
Além da curva glicêmica, outros exames seguem sendo fundamentais para o diagnóstico. Entre eles, a dosagem da glicemia em 12 horas de jejum, que aponta pré-diabetes quando está entre 100 e 125 mg/dl, e diabetes, quando ultrapassa 125 mg/dl.
A hemoglobina glicada, que reflete o nível médio de glicose no sangue nos últimos três meses, também é amplamente usada: valores entre 5,7% e 6,4% indicam pré-diabetes. Se o resultado vier a partir de 6,5%, já se considera diagnóstico da doença. Mas a especialista pontua:
“Se o paciente estiver sem sintomas, é necessário ter dois exames alterados para confirmar o diagnóstico”, destaca a endocrinologista.
Os sintomas vão de fome frequente, sede constante e vontade de urinar frequente até feridas que demoram para cicatrizar e visão embaçada.
Novidades no tratamento
A maior novidade no tratamento do diabetes tipo 2 ganhou reforço com a chegada dos chamados múltiplos agonistas — medicamentos como Ozempic, Wegovy e Mounjaro, que atuam em diferentes vias metabólicas e se mostram eficazes tanto no controle da glicemia quanto na perda de peso.
“Esses novos fármacos, como os duplos e triplos agonistas de GLP-1 e GIP, têm se mostrado muito promissores. Eles oferecem uma potência muito maior, especialmente na redução de peso e no controle da glicemia, o que ajuda a reduzir complicações no longo prazo”, aponta Fernandes.
No entanto, seu uso deve ser acompanhado por um médico, pois envolve alguns efeitos colaterais.
O controle do diabetes, no entanto, continua dependendo de hábitos de vida saudáveis. A alimentação equilibrada é um dos pilares — com atenção aos macronutrientes (carboidratos, proteínas e gorduras) e micronutrientes (vitaminas e minerais).
“O paciente com diabetes precisa ter uma dieta individualizada e praticar exercícios físicos regularmente, principalmente de resistência, que ajudam na sensibilidade à insulina”, ressalta a médica.
Para prevenir, o Ministério da Saúde recomenda prática regular de atividades físicas, manter uma alimentação saudável e evitar o consumo de álcool, tabaco e outras drogas.
Quais são os tipos de diabetes?
Diabetes tipo 1: a doença autoimune
O diabetes tipo 1 costuma surgir ainda na infância ou adolescência. É uma doença autoimune: o sistema imunológico do paciente ataca as células do pâncreas responsáveis pela produção de insulina — o hormônio que regula os níveis de glicose no sangue.
Sem insulina, o corpo não consegue processar o açúcar da maneira correta. Por isso, quem vive com diabetes tipo 1 precisa tomar injeções de insulina diariamente para sobreviver. Este tipo da doença não está relacionado a estilo de vida ou hábitos alimentares.
Diabetes tipo 2: o mais comum e ligado ao estilo de vida
Já o tipo 2 é o mais frequente, respondendo por cerca de 90% dos casos no mundo. Ele geralmente se desenvolve ao longo da vida adulta, sendo fortemente associado a obesidade, sedentarismo e alimentação inadequada.
Nesses casos, o corpo ainda produz insulina, mas as células passam a resistir à ação do hormônio, ou a produção se torna insuficiente com o tempo. É possível controlar o diabetes tipo 2 com mudanças no estilo de vida, medicamentos e, em alguns casos, com insulina.
Diabetes tipo 5: relacionada à desnutrição
O diabetes tipo 5 afeta principalmente jovens e adultos magros e desnutridos, em sua maioria moradores de países da Ásia e da África. A doença apresenta uma taxa de mortalidade elevada — muitos pacientes não sobrevivem mais de um ano após o diagnóstico.
Antes, pacientes com esse perfil eram tratados como se tivessem diabetes tipo 1. Contudo, o tratamento com insulina não só se mostrava ineficaz, como podia causar quedas perigosas no nível de açúcar no sangue. Ao mesmo tempo, o quadro também não se encaixava no tipo 2, por não estar ligado à obesidade ou ao sedentarismo.
A causa está relacionada, de fato, à desnutrição, que, acredita-se, pode causar a mutação de um determinado gene do corpo, segundo o Hospital Infantil da Filadélfia, nos EUA. No entanto, seu mecanismo de ação ainda não é totalmente conhecido pela ciência.