Zanin diz que condenação é que 'pacifica' o país, não a anistia
Fala pode ser interpretada como mensagem a Tarcísio, que afirmou que "história mostrou que anistia e perdão são os melhores remédios" para pacificação

Sofia Pilagallo
Último a votar no julgamento da tentativa de golpe de Estado, o ministro Cristiano Zanin, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou que a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e dos outros sete réus é o caminho para a "pacificação nacional". Ele citou outros golpes de Estado, como o de 1937, para reforçar a necessidade de se punir agentes que atentem contra a democracia brasileira.
Para Zanin, a responsabilização judicial, nesse caso, é "elemento fundamental para a pacificação nacional e a consolidação do Estado democrático de Direito". Cármen Lúcia também pediu para comentar durante o voto de Zanin, dizendo que "se, no golpismo, quem atenta ao Estado democrático de Direito não é condenado, incentivam-se novas tentativas".
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O comentário pode ser interpretado como uma resposta ao governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), que, na semana passada, publicou nas redes sociais um vídeo em que defende a anistia. O post veio acompanhado de legenda que diz que "a história já mostrou que a anistia e o perdão são os melhores remédios para pacificar o país."
"Na história do Brasil, sempre tivemos anistia", começa Tarcísio no vídeo. "Foi assim no período colonial, foi assim no período regencial, foi assim no Segundo Império, foi assim no início da República. Pedir anistia não é uma heresia, é algo justo."
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Durante seu voto, Zanin avaliou que configurou-se uma organização criminosa com o objetivo de garantir a permanência de Bolsonaro no poder depois das eleições de 2022. Segundo o ministro, as provas da Polícia Federal demonstram que o grupo atuou de forma articulada para “romper o Estado Democrático de Direito, valendo-se diretamente da intenção expressa de uso das Forças Armadas."
Zanin ressaltou que o grupo atuou de forma contínua, de 2021 a janeiro de 2023. No entender do ministro, que se alinhou a Alexandre de Moraes e Cármen Lúcia, todos os integrantes buscavam se reportar a Bolsonaro, enquanto líder do grupo.