Valdemar diz que foi pressionado por Bolsonaro a questionar urnas eletrônicas no TSE
Em depoimento à Polícia Federal, presidente do PL afirmou que não concordava com as suspeitas levantadas pelo ex-presidente
Emanuelle Menezes
O presidente do Partido Liberal, Valdemar Costa Neto, afirmou em depoimento à Polícia Federal que o ex-presidente Jair Bolsonaro e deputados do PL o pressionaram para ajuizar a ação no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que questionava o resultado do 2º turno das eleições de 2022.
A declaração foi dada em 22 de fevereiro à PF, mas se tornou pública nesta sexta-feira (15), após retirada do sigilo pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).
"Indagado se o então presidente Jair Bolsonaro insistiu com o declarante [Valdemar] para ajuizar ação no TSE questionando o resultado das urnas eletrônicas, respondeu que, quando houve o vazamento do relatório do IVL [Instituto Voto Legal], os deputados do Partido Liberal e então presidente Bolsonaro o pressionaram para ajuizar tal ação no TSE", diz trecho do termo de declarações de Valdemar.
Sem apresentar qualquer prova de fraude, o PL entrou com um pedido de verificação extraordinária do resultado do 2º turno das eleições no TSE em 22 de novembro de 2022. O partido pedia a invalidação dos votos de mais de 250 mil urnas, com base em um relatório do Instituto Voto Legal.
Segundo Valdemar, a ideia de contratar uma empresa para fiscalizar as urnas também foi de Bolsonaro e dos deputados do PL. Marcos Pontes, ex-ministro da Ciência, Tecnologia e Inovações, foi quem indicou o IVL. Para isso, o partido pagou R$ 1 milhão em cinco parcelas.
Ele disse ainda que deixou de acompanhar os relatórios produzidos pelo instituto, "pois não estavam apresentando nada de concreto".
O PL acabou multado em mais de R$ 22,9 milhões por litigância de má-fé, por Moraes – então presidente do TSE –, já que o documento não indicou provas das supostas fraudes no processo eleitoral.
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Confiança nas urnas
O presidente do PL também afirmou que não concorda com as suspeitas levantadas por Bolsonaro sobre fraudes nas urnas eletrônicas, pois já "participou de várias eleições e nunca presenciou nada que desabonasse o sistema eleitoral brasileiro".
Valdemar ressaltou, porém, que nunca recebeu orientação do ex-presidente para questionar as urnas, "apenas para fiscalizar".
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Minutas de golpe trituradas
O presidente do PL também foi questionado pela PF sobre "minutas de golpe", rascunhos de um texto que tinham como intenção decretar estado de defesa e criar uma comissão de regularidade eleitoral para investigar a eleição presidencial de 2022, em que Bolsonaro foi derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva.
Valdemar afirmou que recebia cartas e documentos de pessoas desconhecidas, nas ruas, mas que os descartava "na sede do partido" por não terem autoria.
"Indagado por qual motivo o declarante não denunciou à Polícia sobre as minutas ao ter declarado em entrevista que que era 'tudo fora da lei', respondeu que sempre desconsiderou tais documentos e pleitos apresentados, pois não considerava a ideia de qualquer tipo de 'golpe'", diz o termo.