União Brasil e PP oficializam saída do governo Lula
Partidos da federação União Progressista determina que filiados deixem cargos federais e ameaçam punições em caso de descumprimento

Paulo Sabbadin
Murilo Fagundes
A Federação União Progressista, formada pelos partidos União Brasil e Progressistas (PP), oficializou nesta terça-feira (2), a saída do governo do Lula.
Em nota, a federação determinou que todos os filiados que ocupam cargos no governo federal devem entregar suas funções.
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A decisão prevê sanções para quem descumprir a determinação. “Em caso de descumprimento desta determinação, se dirigentes desta federação em seus estados, haverá o afastamento em ato contínuo. Se a permanência persistir, serão adotadas as punições disciplinares previstas no estatuto”, diz o comunicado.
Segundo a federação, a medida “representa um gesto de clareza e de coerência. É isso que o povo brasileiro e os eleitores exigem de seus representantes”.
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O movimento afeta diretamente os ministros Celso Sabino (Turismo), do União Brasil, e André Fufuca (Esportes), do Progressistas.
Em nota, a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), afirmou que "ninguém é obrigado a ficar no governo. Também não estamos pedindo para ninguém sair".
"Mas quem permanecer deve ter compromisso com o presidente Lula e com as pautas principais que este governo defende, como justiça tributária, a democracia e o estado de direito, nossa soberania. Precisam trabalhar conosco para aprovação das pautas do governo no Congresso Nacional", completou Gleisi.
A movimentação acontece em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Supremo Tribunal Federal (STF) e em um momento de pressão do presidente Lula sobre os aliados.
Desafio do governo
Nos bastidores, inclusive na última reunião ministerial, Lula vinha cobrando maior fidelidade do União Brasil e do PP, especialmente em votações no Congresso e em atos públicos em que os partidos optaram por não se contrapor à oposição.
Com o desembarque, o Palácio do Planalto terá de redesenhar a Esplanada e negociar novos apoios para recompor a base.
A saída de duas pastas da Esplanada expõe um desafio adicional para Lula: reorganizar espaços de poder de modo a preservar a governabilidade sem abrir mão da articulação com partidos que ainda se mantêm próximos ao governo.