Republicanos oficializa candidatura de Hugo Motta à presidência da Câmara
Deputado federal pela Paraíba disse estar confiante de que PL e PT apoiarão a candidatura
O Republicanos oficializou nesta terça-feira (29) a candidatura de Hugo Motta (PB) à sucessão de Arthur Lira (PP-AL) na presidência da Câmara dos Deputados. A eleição ocorrerá em fevereiro de 2025. Mais cedo, nesta terça, Lira anunciou seu apoio a Motta na disputa.
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O atual presidente da Casa disse estar convicto de que o candidato com "maiores condições políticas de construir convergências no Parlamento" é o deputado do Republicanos, que "demonstrou capacidade de aliar polos aparentemente antagônicos com diálogo, leveza e altivez".
A oficialização da candidatura de Motta foi feita em uma reunião na sede nacional do Republicanos, em Brasília. Participaram do encontro o presidente nacional do partido e primeiro vice-presidente da Câmara, Marcos Pereira (SP), e os demais integrantes da bancada da sigla na Casa.
Em nota à imprensa divulgada após a reunião, a bancada, liderada por Motta, disse que o congressista "representa hoje o nome capaz de agregar todas as forças políticas da Câmara para fortalecer a agenda legislativa e enfrentar os desafios que o Brasil tem pela frente". Para os parlamentares, o candidato "reúne todas as condições para conduzir a presidência da Casa em defesa da atuação parlamentar e do diálogo harmônico e permanente com os demais Poderes".
Ainda conforme a nota, ele se consolidou como uma referência de competência política, cordialidade, serenidade e conciliação entre seus pares".
Em coletiva de imprensa após a oficialização, Motta agradeceu a confiança do partido. "Nós não conseguiríamos construir essa candidatura se não tivéssemos uma bancada forte, unida, uma bancada que fala a mesma linguagem", pontuou.
Posição do PL e PT
Motta disse confiar que o PL e o PT também vão apoiá-lo na disputa pela presidência da Câmara.
"É momento de podermos estabelecer e fortalecer cada vez mais o diálogo, respeitando a condução de cada presidente de partido, de cada líder, para que ao final o diálogo e a convergência possa acontecer", ressaltou.
"Não é o candidato a presidente Hugo Motta que tem que dizer o tempo que cada partido vai definir [o posicionamento na disputa pela presidência da Câmara]. Não, é o contrário".
Ele prosseguiu: "Os partidos definirão no seu tempo, nós respeitaremos, e o nosso papel nessa construção será convencer para que o quanto antes esses partidos possam decidir, respeitando o tempo de cada um".
Projeto de lei da anistia
Questionado na coletiva sobre se não acredita que a decisão de Lira de criar uma comissão especial para analisar o projeto de lei que concede anistia aos condenados pelos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023 pode afastar o Partido Liberal da base de apoio à sua candidatura, disse ver o PL como uma sigla que estará ao seu lado.
"Nós temos conversado com o líder Altineu [Côrtes], com o Valdemar Costa Neto, com o ex-presidente Bolsonaro, reafirmando o compromisso com a importância que o PL hoje tem na Casa. É o maior partido da Casa, com mais de 90 deputados", acrescentou.
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O candidato disse que respeitará os espaços do Partido Liberal. "Eu não vejo um assunto, por mais importante que seja, que é o projeto da anistia, como o único ponto a ser levado em consideração. Até porque nós não estamos assumindo compromissos contrários ao projeto", declarou.
"Nós estamos dizendo que é um tema que será debatido e discutido. E o presidente da Casa decidiu, até por essa complexidade, ter uma comissão para discutir só esse tema".
Com a comissão especial, falou Motta, os deputados poderão, com a discussão, construir um relatório que consiga "buscar aquilo que a Casa hoje representa".
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Conforme o congressista, a comissão "terá a capacidade de, com muita responsabilidade, discutir esse tema que é tão importante não só do ponto de vista político, mas até do ponto de vista da relação com o Poder Judiciário".
O 8 de janeiro, salientou, foi "um episódio triste". De acordo com Motta, porém, não se pode permitir "que injustiças sejam cometidas com pessoas que têm aí levado condenações acima daquilo que seria o justo para com a participação ou não dessas pessoas em um ato que aconteceu".
O deputado pontuou ainda que o Brasil precisa passar o 8 de janeiro a limpo e não permitir "que isso aconteça novamente, já que foi um triste episódio de agressão às instituições democráticas do país".
Outros candidatos
O Republicanos tem 44 deputados federais e faz parte do segundo maior bloco parlamentar da Câmara, que conta com 147 deputados, considerando os nomes ainda do PSD, MDB e Podemos.
São candidatos à Presidência da Câmara também os líderes do União Brasil, Elmar Nascimento (BA), e do PSD, Antonio Brito (BA). Eles firmaram uma aliança para um apoiar o outro no segundo turno da eleição, dependendo de qual deles passar.
O União Brasil, sigla de Elmar, possui 59 deputados federais, e o PSD, partido de Brito, 45. O primeiro congressista lidera o maior bloco parlamentar da Câmara, formado pelo União, PP, PSDB, Cidadania, PDT, Avante, Solidariedade e PRD, com 161 deputados federais. Os três candidatos à sucessão de Lira estão em busca de apoio para suas candidaturas.
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"Respeitamos os demais postulantes ao cargo e temos reforçado sempre a nossa disposição de construir a convergência porque acreditamos que é isso que vai acontecer até o final desse processo", falou Motta na coletiva.
"Isso porque há espírito público e disposição para poder unir os diferentes, convergirmos em nome de um ambiente pacífico, para que a Câmara possa, acima de tudo, ter a maturidade para discutir os temas que são difíceis, de um Brasil radicalizado politicamente que temos hoje".
De acordo com ele, é com esse espírito que conduzirá a campanha. Destacou que fará uma campanha no "corpo a corpo", ouvindo cada deputado federal.