Preso no caso Marielle, Domingos Brazão teve salto no patrimônio de 2300% em oito anos
Investigação mostra que evolução de valores acompanha ingresso do Conselheiro do Tribunal de Contas do Rio na política
Preso sob suspeita de ser um dos mandantes do assassinato da vereadora fluminense Marielle Franco (PSOL), Domingos Brazão, que é conselheiro do Tribunal de Contas do Rio de Janeiro, ganhou milhões de reais em um período de oito anos.
De 2002 a 2010, o patrimônio dele passou de R$ 209 mil para R$ 5 milhões, o que representa um crescimento de 2300%. As investigações da Polícia Federal apontam que o aumento é simultâneo ao ingresso dele na carreira política.
"Nesse contexto, analisadas as declarações patrimoniais entregues à Justiça Eleitoral entre 2006 a 2010, Domingos Brazão registrou um crescimento de aproximadamente 300%. Se analisado o período de 2002 a 2010, o crescimento alcança 2.300%", diz trecho do relatório do caso Marielle, que está no Supremo Tribunal Federal (STF).
A apuração da Polícia Federal ainda destaca que, desde a morte da vereadora e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018, R$ 2,4 milhões que ele recebeu vieram dos cofres públicos.
O atual cargo concede a Brazão um salário médio de R$ 39 mil, além de benefícios como auxílio de saúde, transporte e educação. Ele foi eleito para a posição em abril de 2015, mas sua indicação foi alvo de críticas. O processo não seguiu as recomendações legais, que prevê que o cargo deveria ser ocupado por um servidor público.
"Diante disso, a bancada do PSOL na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro trouxe mais polêmica ao caso quando, dias após a nomeação, declarou que iria judicializar a questão. Além de questionar a inobservância dos aspectos formais entre a eleição e a nomeação ao cargo; o partido questionou a capacidade técnica de Domingos Brazão, sob a alegação de que este não atendia ao requisito do 'notório saber'", aponta outro trecho da mesma investigação.
Prisão de Domingos Brazão
O conselheiro do Tribunal de Contas Domingos Brazão foi preso junto com o irmão, o deputado Chiquinho Brazão (sem partido-RJ), no último domingo (24). Os dois foram apontados como mandantes do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, em março de 2018.
Domingos Brazão foi transferido para um presídio federal em Porto Velho, Rondônia, enquanto seu irmão foi enviado para uma penitenciária em Campos Grande, no Mato Grosso do Sul.
O caso ainda está sendo investigado.