PF aponta indício de "rachadinha" e pede quebra de sigilo de Janones
Investigadores acionaram o STF para ter acesso a informações financeiras do deputado e de funcionários do gabinete; suspeita é de esquema envolvendo salários
A Polícia Federal (PF) informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que as investigações ligadas ao gabinete do deputado federal André Janones (Avante-MG) sugerem um esquema de desvio de salários de funcionários do parlamentar, prática conhecida como "rachadinha". A informação faz parte de um pedido de quebras de sigilos protocolado na Corte nesta terça-feira (30).
“As diligências concluídas até o momento sugerem a existência de um esquema de desvio de recursos públicos no gabinete do deputado federal André Janones”, apontam os policiais federais em trecho da solicitação encaminhada ao Supremo.
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Na nova etapa de apuração, os investigadores querem ter acesso às informações fiscais e bancárias de Janones e da equipe de trabalho na Câmara dos Deputados, sob justificativa de que é necessário rastrear o fluxo financeiro e o patrimônio dos suspeitos: “Possibilita um exame minucioso das transações financeiras e dos bens que possam ter vínculos com as práticas ilícitas”.
O documento também aponta que a equipe de investigação constatou diferenças nos depoimentos dos funcionários do gabinete. O inquérito destaca, ainda, que parte dos assessores investigados mantêm vínculo de trabalho com o deputado, e que isso poderia ter alguma relação com o teor das declarações.
“A análise conjunta das declarações obtidas nas oitivas com o conteúdo dos áudios (e com as diligências empreendidas) revela uma série de inconsistências e contradições. Embora os assessores neguem envolvimento no esquema de "rachadinha", as discrepâncias em seus depoimentos evidenciam a necessidade de um aprofundamento nas investigações. Afinal, é crucial considerar que todos os assessores investigados ainda mantêm vínculos com o deputado federal André Janones, dependendo de seus cargos ou para a sua sobrevivência política ou para a sua subsistência ", diz outro trecho do documento.
Janones nega "rachadinha"
Por meio de nota, o deputado federal nega a prática de corrupção e disse que o pedido de quebra de sigilo fiscal e bancário causa “estranheza”, por ter colocado as informações à disposição desde o início das investigações. “Até hoje não fui sequer ouvido”. Leia a íntegra do comunicado emitido:
"Me causa estranheza a PF pedir a quebra de meu sigilo fiscal e bancário, sendo que eu já os coloquei a disposição desde o início das investigações, e até hoje não fui sequer ouvido.
Mais estranho ainda é apontarem como “suspeito”, um depósito feito quando nenhum dos assessores investigados trabalhavam mais em meu gabinete. Como eles devolviam salário 3 anos após serem exonerados?
Sigo ABSOLUTAMENTE confiante que serei absolvido, afinal, eu não devo, quem deve são os bolsonaros, que recorreram até a última instância pra não terem seus sigilos quebrados, e até hoje não justificaram como conseguiram comprar 70 imóveis em dinheiro vivo.
Ao final, a verdade prevalecerá, tanto aqui quanto lá! Eu creio".
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