PF aponta indício de "rachadinha" e pede quebra de sigilo de Janones
Investigadores acionaram o STF para ter acesso a informações financeiras do deputado e de funcionários do gabinete; suspeita é de esquema envolvendo salários

Lis Cappi
Ricardo Brandt
A Polícia Federal (PF) informou ao Supremo Tribunal Federal (STF) que as investigações ligadas ao gabinete do deputado federal André Janones (Avante-MG) sugerem um esquema de desvio de salários de funcionários do parlamentar, prática conhecida como "rachadinha". A informação faz parte de um pedido de quebras de sigilos protocolado na Corte nesta terça-feira (30).
“As diligências concluídas até o momento sugerem a existência de um esquema de desvio de recursos públicos no gabinete do deputado federal André Janones”, apontam os policiais federais em trecho da solicitação encaminhada ao Supremo.
Na nova etapa de apuração, os investigadores querem ter acesso às informações fiscais e bancárias de Janones e da equipe de trabalho na Câmara dos Deputados, sob justificativa de que é necessário rastrear o fluxo financeiro e o patrimônio dos suspeitos: “Possibilita um exame minucioso das transações financeiras e dos bens que possam ter vínculos com as práticas ilícitas”.
O documento também aponta que a equipe de investigação constatou diferenças nos depoimentos dos funcionários do gabinete. O inquérito destaca, ainda, que parte dos assessores investigados mantêm vínculo de trabalho com o deputado, e que isso poderia ter alguma relação com o teor das declarações.
“A análise conjunta das declarações obtidas nas oitivas com o conteúdo dos áudios (e com as diligências empreendidas) revela uma série de inconsistências e contradições. Embora os assessores neguem envolvimento no esquema de "rachadinha", as discrepâncias em seus depoimentos evidenciam a necessidade de um aprofundamento nas investigações. Afinal, é crucial considerar que todos os assessores investigados ainda mantêm vínculos com o deputado federal André Janones, dependendo de seus cargos ou para a sua sobrevivência política ou para a sua subsistência ", diz outro trecho do documento.
Janones nega "rachadinha"
Por meio de nota, o deputado federal nega a prática de corrupção e disse que o pedido de quebra de sigilo fiscal e bancário causa “estranheza”, por ter colocado as informações à disposição desde o início das investigações. “Até hoje não fui sequer ouvido”. Leia a íntegra do comunicado emitido:
"Me causa estranheza a PF pedir a quebra de meu sigilo fiscal e bancário, sendo que eu já os coloquei a disposição desde o início das investigações, e até hoje não fui sequer ouvido.
Mais estranho ainda é apontarem como “suspeito”, um depósito feito quando nenhum dos assessores investigados trabalhavam mais em meu gabinete. Como eles devolviam salário 3 anos após serem exonerados?
Sigo ABSOLUTAMENTE confiante que serei absolvido, afinal, eu não devo, quem deve são os bolsonaros, que recorreram até a última instância pra não terem seus sigilos quebrados, e até hoje não justificaram como conseguiram comprar 70 imóveis em dinheiro vivo.
Ao final, a verdade prevalecerá, tanto aqui quanto lá! Eu creio".







