Pacheco critica falta de transparência nas eleições da Venezuela
Nicolás Maduro foi declarado reeleito à presidência, mas resultado é contestado internacionalmente
Lara Curcino
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), criticou, nesta terça-feira (30), a falta de transparência no processo eleitoral da Venezuela. Nicolás Maduro foi declarado reeleito para a presidência após votação no domingo (28), mas o resultado é questionado internacionalmente.
Em nota, Pacheco afirmou que o governo venezuelano “não demonstra com clareza” informações que assegurem a lisura das eleições.
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“Numa democracia, a lisura e a transparência do processo eleitoral que assegure a prevalência da vontade do povo são base essencial e insuperável. O governo da Venezuela se afasta disso ao não demonstrar esses valores com clareza", diz o comunicado. "A luta pela democracia não nos permite ser seletivos. Toda violação a ela deve ser apontada, prevenida e combatida, seja contra quem for”.
Resultado contestado
O departamento de observação eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) disse, nesta terça, que não pode reconhecer o resultado da eleição no país. O órgão afirmou que vai se reunir com a Venezuela na quarta (31) para discutir o tema.
A OEA alega que o Conselho Nacional Eleitoral (CNE) venezuelano se mostrou tendencioso em relação ao governo atual. Países como Panamá, Uruguai, Chile, Peru e Argentina seguem a mesma opinião e não reconheceram o resultado divulgado. Na noite de segunda, o governo venezuelano decidiu retirar diplomatas desses países em retaliação
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Maduro foi reeleito, segundo informou o CNE, com 52%, mas a oposição afirma que teve acesso à contagem de votos e que o seu candidato, Edmundo González, teve mais do que o dobro de votos do atual presidente.
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Desde o anúncio da vitória de Maduro, manifestantes protestam pelas ruas venezuelanas. Outros lugares do mundo, como a Espanha, também registraram atos.
Posição do Brasil sobre a Venezuela
O governo brasileiro parabenizou a Venezuela pelo “caráter pacífico” das eleições, mas afirmou que, antes de reconhecer a vitória de Maduro, vai aguardar “dados desagregados por mesa de votação”, o que classificou como “passo indispensável para a transparência, credibilidade e legitimidade do resultado do pleito”.
Apesar da posição do governo, o PT – partido do presidente Luiz Inácio Lula da Silva – divulgou, na noite desta segunda (29), uma nota em que trata Maduro como reeleito e cumprimenta a Venezuela pela “jornada democrática” no processo eleitoral.