Publicidade

Nota técnica sobre aborto é suspensa após pressão de líderes religiosos

A ministra da Saúde, Nísia Trindade suspende nota publicada no dia anterior que retirava limite para realização de aborto nos casos previstos em lei

Nota técnica sobre aborto é suspensa após pressão de líderes religiosos
Publicidade

Pressionado por lideranças religiosas, o governo federal recuou e suspendeu, nesta quinta-feira (29), uma nota técnica publicada no dia anterior (28) sobre o aborto legal no Brasil.

O líder da bancada evangélica Sóstenes Cavalcante (PL-RJ) liderou as críticas ao governo e pediu a exoneração dos secretários Felipe Proença (Assistência Primária à Saúde) e Helvécio Miranda (Atenção Especializada à Saúde). “Lula fez campanha com cartinha aos evangélicos falando que era contra aborto. Lula sempre defendeu o aborto, mas chega na eleição e paga de bonzinho. Essa nota técnica merecia a exoneração desses dois cidadãos”, disse o deputado federal.

+ EUA: revogação da lei do aborto completa um ano e provoca manifestações

O documento publicado pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, nesta quarta-feira (28), derrubava outra nota técnica publicada pelo governo Jair Bolsonaro, em 2022. No texto da gestão anterior, a recomendação era realizar aborto em casos como estupro, má formação do feto e risco à saúde da mãe até 21 semanas de gestação.

+ Senado da França aprova lei que inclui direito ao aborto na Constituição

A nota técnica divulgada na quarta-feira, dizia: "Em resumo, a garantia do direito ao aborto nas condições previstas em lei (no Brasil, em casos de gravidez resultante de estupro, risco à vida da gestante e anencefalia fetal) em qualquer tempo gestacional, com a indução de assistolia fetal quando indicada, é a recomendação baseada nas evidências científicas mais recentes, tanto de órgãos internacionais de especialistas em Ginecologia e Obstetrícia (Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia - FIGO)".

Na prática, a revogação do governo colocaria em prática o que está no Código Penal, de 1940, que não estabelece limite de tempo para uma mulher fazer o aborto nos termos previstos pela lei brasileira.

“Se o legislador brasileiro, ao permitir o aborto nas hipóteses descritas no artigo 128, não impôs qualquer limite temporal para a sua realização, não cabe aos serviços de saúde limitar a interpretação desse direito, especialmente quando a própria literatura/ciência internacional não estabelece limite”, dizia a nota técnica.

A nota técnica do governo Bolsonaro quase impediu o cumprimento da lei em casos como o da menina de 11 anos que sofreu estupro e só descobriu a gravidez com 22 semanas. A equipe médica não fez o procedimento e o caso foi à Justiça. A família recorreu da primeira decisão, negativa, e a segunda instância autorizou a interrupção da gestação. O aborto foi realizado com 29 semanas, gerando mais riscos para a criança.

Em nota, o Ministério da Saúde afirmou que a ministra Nísia Trindade tomou conhecimento do documento enquanto estava cumprindo uma agenda da pasta em Boa Vista, capital de Roraima. "O documento não passou por todas as esferas necessárias do Ministério da Saúde e nem pela consultoria jurídica da Pasta, portanto, está suspenso. Posteriormente, esse tema que se refere à ADPF 989 (Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental), do Supremo Tribunal Federal, será tratado pela ministra junto à Advocacia-Geral da União (AGU) e ao STF".

Publicidade
Publicidade

Assuntos relacionados

Ministério da Saúde
Aborto

Últimas notícias

Governo federal anuncia novo bloqueio de R$ 6 bilhões no Orçamento de 2024

Governo federal anuncia novo bloqueio de R$ 6 bilhões no Orçamento de 2024

Aumento de R$ 7,7 bilhões nas estimativas de gastos com a Previdência Social foi um dos motivos do novo contingenciamento
CPI das Apostas vai ouvir jogador investigado por manipulação de resultados na quarta-feira (27)

CPI das Apostas vai ouvir jogador investigado por manipulação de resultados na quarta-feira (27)

Bruno Lopes de Moura é apontado como um dos líderes de uma organização criminosa que manipula partidas
Imagens mostram momentos antes de PM matar estudante de medicina em SP

Imagens mostram momentos antes de PM matar estudante de medicina em SP

Marco Aurélio, de 22 anos, morreu com um tiro na barriga, disparado por um policial militar durante uma abordagem em um hotel
Homem é preso por tentativa de sequestro de criança em SP

Homem é preso por tentativa de sequestro de criança em SP

Não há informações sobre a motivação do homem. Mulher e criança conseguiram fugir
Banho em gatos: prática pode trazer riscos à saúde dos felinos

Banho em gatos: prática pode trazer riscos à saúde dos felinos

Especialistas alertam que a higiene natural dos gatos dispensa banhos e que a prática pode causar estresse e problemas de saúde
Programa Reencontro: Justiça de SP declara programa de habitação da prefeitura inconstitucional

Programa Reencontro: Justiça de SP declara programa de habitação da prefeitura inconstitucional

Ação da prefeitura paulista é voltada exclusivamente para pessoas em situação de rua; promotoria alega falta de participação popular na criação do projeto
Morte de delator do PCC: Justiça decreta prisão de segundo suspeito pelo crime

Morte de delator do PCC: Justiça decreta prisão de segundo suspeito pelo crime

Suspeito fez um Pix de R$ 5 mil para homem que seguiu o empresário Antônio Vinícius Gritzbach dentro do Aeroporto de Guarulhos (SP)
COP29: Texto do Brasil sobre clima tem como base relatórios da ONU, mas é criticado por organizações

COP29: Texto do Brasil sobre clima tem como base relatórios da ONU, mas é criticado por organizações

Cruzamento de documentos mostra alinhamento brasileiro na questão climática; ausência de prazos, entretanto, é mal avaliada
MP desarticula facção que movimentou 32 milhões dentro de presídio

MP desarticula facção que movimentou 32 milhões dentro de presídio

Ações do grupo envolviam agiotagem, venda de drogas e lavagem de dinheiro. Na operação, 19 pessoas foram presas
MP junto ao TCU pede suspensão dos salários de 25 militares indiciados por plano de golpe

MP junto ao TCU pede suspensão dos salários de 25 militares indiciados por plano de golpe

Um dos maiores rendimentos é do general da reserva Braga Netto, ex-vice na chapa de Bolsonaro: R$ 35 mil
Publicidade
Publicidade