Moraes manda PF ouvir Mourão sobre suposta ligação de Bolsonaro antes de depoimento
Ministro do STF autorizou investigação sobre possível tentativa do ex-presidente de influenciar o testemunho do senador; Mourão será ouvido em até 15 dias

Ellen Travassos
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta terça-feira (3) a abertura de uma investigação sobre a suposta ligação telefônica que o ex-presidente Jair Bolsonaro teria feito ao senador Hamilton Mourão antes do depoimento do parlamentar à Justiça, no dia 23 de maio. A decisão atende a um pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR), que viu indícios de tentativa de interferência no conteúdo do testemunho.
Com isso, pediu à Polícia Federal (PF) que colha o depoimento de Mourão em até 15 dias e autorizou a instauração de uma petição sigilosa, que deve tramitar de forma autônoma.
Segundo a petição da PGR, a imprensa revelou que Bolsonaro teria solicitado a Mourão, em conversa por telefone, que reforçasse em sua oitiva o fato de "nunca ter ouvido qualquer menção do ex-presidente sobre algum tipo de ruptura institucional".
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O depoimento de Mourão ocorreu em 23 de maio, no âmbito da ação que investiga uma série de aliados de Bolsonaro por suposta tentativa de golpe de Estado.
A Procuradoria considerou a situação grave, apontando a possibilidade de "constrangimento, intimidação ou qualquer forma de coação" que pudesse ter influenciado o testemunho.
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Na decisão, Moraes acolheu os pedidos da PGR e determinou o encaminhamento do caso à Polícia Federal. A oitiva de Mourão será peça central para avaliar se houve ou não tentativa de obstrução de Justiça por parte do ex-presidente.