Moraes autoriza investigação contra Zambelli por suposta ligação com tentativa de golpe
Deputada teria intermediado viagem de influenciadora para embasar “narrativa inverídica” que ligava PT ao narcotráfico

Lara Curcino
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), autorizou a abertura de uma investigação contra a deputada federal Carla Zambelli (PL-SP) por suposta ligação com uma tentativa de golpe de Estado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no cargo.
A decisão de Moraes atende a um pedido da Polícia Federal (PF), cujas apurações apontam que Zambelli intermediou uma viagem de uma influenciadora digital à Espanha para que ela entrevistasse o general venezuelano Hugo Carvajal sobre um suposto financiamento do PT ao narcotráfico. + Em ato na Avenida Paulista, Bolsonaro se defende de acusações e relativiza 'minuta do golpe'
A viagem aconteceu em agosto de 2022, dois meses antes do primeiro turno das eleições presidenciais daquele ano.
Segundo a PF, ao retornar ao Brasil, a influenciadora teria entregue ao então ministro da Justiça, Anderson Torres, um dossiê sobre as informações passadas a ela por Carvajal. A partir do documento, o chefe da pasta teria ordenado a abertura de um inquérito.
A PF alega que o caso indica que uma milícia digital agiu para prejudicar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), então candidato, que era o principal opositor de Bolsonaro nas eleições. + Bolsonaro tentou golpe de Estado e sabe que pode ser preso, diz Lula
“Os elementos identificados apontam que a formalização açodada da investigação no âmbito da Polícia Federal – há apenas duas semanas do 1° turno das eleições presidenciais – visava a conferir credibilidade às narrativas inverídicas propagadas pela Milícia Digital em relação ao principal opositor político do então presidente Jair Bolsonaro”, afirma a PF.
Em nota, a assessoria de Zambelli afirmou que a deputada foi informada pela imprensa sobre a decisão de Moraes e que só iria se manifestar sobre o conteúdo da medida após tomar conhecimento dos autos.
“Por não ter conhecimento dos fatos em questão, a parlamentar somente poderá se manifestar após ter acesso aos autos, mas estará à disposição das autoridades para quaisquer esclarecimentos julgados necessários”.