Em ato na Avenida Paulista, Bolsonaro se defende de acusações e relativiza 'minuta do golpe'
"Golpe de Estado é tanque na rua, arma e conspiração", diz ex-presidente. Inelegível, afirma que só se tira político de eleição com "motivo justo"

Iasmin Costa
O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou neste domingo (25) que um golpe de Estado se faz com "tanque na rua, arma e conspiração" e não com a "Constituição". O argumento, que citou a "minuta do golpe", fez parte do discurso do ex-presidente para se defender de acusações de que planejou um golpe de Estado quando ainda estava no poder e tinha sido derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas urnas, em 2022.
Em um discurso sem ataques diretos a instituições, Bolsonaro disse: “Golpe é tanque na rua, é arma, é conspiração. Nada disso foi feito no Brasil. Por que continuam me acusando de golpe? Porque tem uma minuta de estado de defesa. Golpe usando a Constituição? Deixo claro que estado de sítio começa com presidente convocando conselho da República. Isso foi feito? Não.”
'Fotografia para o mundo'
O ex-presidente começou o discurso no ato na Avenida Paulista, em São Paulo, dizendo que “o povo brasileiro não merece viver o que está vivendo neste momento, onde poucos causam muitos males”.
O ex-presidente fez um retrospecto da atuação dele na política, agradeceu aos que compareceram no evento e disse que a manifestação contribui para uma “fotografia para o mundo inteiro”.
Bolsonaro também falou sobre uma suposta "perseguição" política que sofreu durante o tempo em que foi presidente da República. Inelegível, o ex-presidente disse que "não se pode para tirar alguém da eleição sem motivos justos".
O ex-presidente mencionou a derrota eleitoral de 2022 dizendo que deve ser considerada “página virada”, mas defendeu que em outubro deste ano, os eleitores devem “caprichar” na escolha de prefeitos e vereadores, para se prepararem para 2026, quando há eleições presidenciais.
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), que é apoiado por Bolsonaro, esteve no ato na Paulista. O principal adversário de Nunes nas urnas será o deputado federal Guilherme Boulos (Psol), candidato de Lula na cidade.
Governo Tarcísio diz que 600 mil pessoas foram à Paulista
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), do governo Tarcísio, divulgou nota à noite informando que aproximadamente 600 mil pessoas foram à Avenida Paulista para o ato de apoio a Bolsonaro.
"A manifestação ocorreu de forma pacífica, sem o registro de incidentes", informou a SSP.

Mulher cai de árvore durante ato bolsonarista
Uma idosa que participava da manifestação pró-Bolsonaro na Avenida Paulista caiu de uma árvore e teve o pulmão perfurado na tarde deste domingo (25).
A vítima recebeu os primeiros socorros no local e foi encaminhada para a Unidade de Pronto Atendimento Vergueiro. O estado de saúde ainda não foi divulgado.
Entenda a operação Tempus Veritatis, que mira Bolsonaro
A operação Tempus Veritatis foi deflagrada em 8 de fevereiro pela Polícia Federal. Ela apura a existência de uma organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados dele.
Além de Bolsonaro, são investigados na operação o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e militares de alta patente do núcleo duro bolsonarista.
Na lista de alvos estão os ex-ministros general Walter Souza Braga Netto (Casa Civil e Defesa), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa e ex-comandante do Exército), general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional - GSI) e Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública).
As investigações têm como base a delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid.
Em setembro de 2023, o tenente-coronel do Exército recebeu liberdade provisória, com o uso de tornozeleira eletrônica, após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes homologar seu acordo de delação premiada com a Polícia Federal.
Braço direito do ex-presidente, Cid está envolvido em uma série de irregularidades apuradas pela PF. O ex-ajudante de ordens é investigado por envolvimento no suposto esquema de venda ilegal de joias recebidas por Bolsonaro do governo da Arábia Saudita.
O nome de Cid também aparece nas investigações como parte da organização dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Ele ainda é apontado como um dos responsáveis pela inserção de dados falsos sobre vacinação contra a covid-19 no sistema do Ministério da Saúde.







