Tarcísio exalta governo Bolsonaro e diz que ex-presidente 'representa movimento'; Michelle ora
Governador chama ex-presidente de "amigo". Ex-primeira-dama discursa e Malafaia critica Lula e ministros do STF
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), participou de ato com Jair Bolsonaro (PL) e outros políticos aliados do ex-presidente na tarde deste domingo (25), na Avenida Paulista. Ex-ministro da Infraestrutura de Bolsonaro, Tarcísio exaltou feitos do governo passado e disse que o ex-chefe do Executivo "representa um movimento".
Também presente, a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro orou, se emocionou e discursou para milhares de pessoas. O pastor Silas Malafaia, um dos organizadores do ato, fez um discurso inflamado, em que sugeriu, sem provas, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) soube com antecedência que haveria um quebra-quebra em Brasília em 8 de janeiro de 2023.
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Tarcísio de Freitas disse que Bolsonaro apostou em pessoas que não eram "ninguém" para a composição de seu governo. "Sempre entregou o crédito para quem trabalhava", afirmou o governador, enaltecendo feitos da gestão do ex-presidente, como distribuição de água na região Nordeste, auxílio emergencial, Programa Nacional de Apoio ao Médio Produtor Rural (Pronamp) e obras em rodovias. Também creditou a criação do Pix ao político do PL.
"Meu amigo Bolsonaro, você não é mais um CPF, não é mais uma pessoa. Você representa um movimento", disse o governador de SP.
"Muito obrigado, Bolsonaro. Deus te abençoe. Nós sempre estaremos juntos", concluiu Tarcísio.
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Michelle chora e faz oração
A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro fez um discurso de cerca de 15 minutos com tom religioso e críticas aos "ataques e injustiças" sofridos por ela e sua família. Emocionada, chamou os participantes do evento de "exército de Deus nas ruas" e "homens e mulheres patriotas que não desistem da sua nação".
A ex-primeira-dama defendeu que o propósito do evento não era o poder, mas sim a "libertação da nação". Relembrou o episódio da facada contra Bolsonaro e disse que, desde 2017, a família sofre "por exaltar o nome do Senhor".
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Michelle aproveitou o momento para defender a presença dos valores e princípios cristãos na política. "Por um bom tempo fomos negligentes a ponto de falarmos que não poderia misturar política com religião, e o mal tomou o espaço. Chegou o momento da libertação", disse.
Segundo ela, o povo brasileiro "sabe a diferença de um governo justo e de um governo ímpio". "Nós abençoamos o Brasil, nós abençoamos Israel em nome de Jesus", finalizou.
Malafaia ataca Lula e critica ministros do STF
Um dos organizadores do ato na Avenida Paulista, o pastor evangélico Silas Malafaia fez o discurso mais contundente contra aqueles que são vistos como opositores de Bolsonaro. Malafaia atacou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e criticou falas dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Roberto Barroso e Alexandre de Moraes.
O pastor começou o discurso manifestando "repúdio" ao presidente Lula. Com uma bandeira de Israel no ombro, Malafaia disse que Lula "fez o Brasil ser vergonha no mundo inteiro" ao apontar que Israel conduz um genocídio na Palestina.
Sem provas, Malafaia sugeriu que Lula soube com antecedência do que aconteceria em Brasília em 8 de janeiro de 2023, quando centenas de bolsonaristas invadiram e depredaram as sedes dos Três Poderes.
O pastor disse não concordar com os "baderneiros" que "quebraram Brasília" e apontou que foi depois de 8 de janeiro que começou uma "narrativa de golpe" contra Bolsonaro.
"O povo tem que saber quem está por trás daquela baderna. É uma narrativa vergonhosa. Golpe contra mandatário tem arma, tem bomba", disse o pastor. "Donas de casa, idosos, jovens que estavam em frente ao QG do Exército viraram golpistas."
Para Malafaia, a alcunha de "golpista" só é usada contra militantes de direita, enquanto os de esquerda são chamados de "manifestantes".
Pastor fala sobre eventual prisão de Bolsonaro
Silas Malafaia comentou no discurso sobre a possibilidade de Bolsonaro ser preso. O ex-presidente é investigado, entre outros motivos, por tentativa de golpe de Estado e teve, em fevereiro, o passaporte apreendido pela Polícia Federal.
"Se eles te prenderem, você vai sair de lá exaltado", disse Malafaia a Bolsonaro, a quem chamou de "o maior perseguido político da história do Brasil".
O pastor afirmou que "o supremo poder da nação é o povo" e criticou os ministros Barroso e Moraes por terem falado contra a extrema direita e o bolsonarismo.
"Alexandre de Moraes não tem de combater nem a extrema direita nem a extrema esquerda. Ele é guardião da Constituição", disse o pastor.
Mulher cai de árvore durante ato bolsonarista
Uma idosa que participava da manifestação pró-Bolsonaro na Avenida Paulista caiu de uma árvore e teve o pulmão perfurado na tarde deste domingo (25).
A vítima recebeu os primeiros socorros no local e foi encaminhada para a Unidade de Pronto Atendimento Vergueiro. O estado de saúde ainda não foi divulgado.
Governo Tarcísio diz que 600 mil pessoas foram à Paulista
A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), do governo Tarcísio, divulgou nota à noite informando que aproximadamente 600 mil pessoas foram à Avenida Paulista para o ato de apoio a Bolsonaro.
"A manifestação ocorreu de forma pacífica, sem o registro de incidentes", informou a SSP.
Entenda a operação Tempus Veritatis, que mira Bolsonaro
A operação Tempus Veritatis foi deflagrada em 8 de fevereiro pela Polícia Federal. Ela apura a existência de uma organização criminosa que atuou na tentativa de golpe de Estado e abolição do Estado Democrático de Direito por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados dele.
Além de Bolsonaro, são investigados na operação o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e militares de alta patente do núcleo duro bolsonarista.
Na lista de alvos estão os ex-ministros general Walter Souza Braga Netto (Casa Civil e Defesa), Paulo Sérgio Nogueira (Defesa e ex-comandante do Exército), general Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional - GSI) e Anderson Torres (Justiça e Segurança Pública).
As investigações têm como base a delação do ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, o tenente-coronel Mauro Cid.
Em setembro de 2023, o tenente-coronel do Exército recebeu liberdade provisória, com o uso de tornozeleira eletrônica, após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes homologar seu acordo de delação premiada com a Polícia Federal.
Braço direito do ex-presidente, Cid está envolvido em uma série de irregularidades apuradas pela PF. O ex-ajudante de ordens é investigado por envolvimento no suposto esquema de venda ilegal de joias recebidas por Bolsonaro do governo da Arábia Saudita.
O nome de Cid também aparece nas investigações como parte da organização dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro. Ele ainda é apontado como um dos responsáveis pela inserção de dados falsos sobre vacinação contra a covid-19 no sistema do Ministério da Saúde.