Mauro Cid reafirma que Bolsonaro leu minuta golpista e pediu alterações no texto
Ex-ajudante de ordens diz ao STF que assessor participou de reunião e fez alterações no documento a pedido do ex-presidente
Paola Cuenca
Jessica Cardoso
O tenente-coronel Mauro Cid reafirmou nesta segunda-feira (14) que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) leu a chamada minuta golpista e pediu alterações no texto. Segundo o ex-ajudante de ordens, após a reunião, Bolsonaro devolveu o documento com anotações e sugestões de mudança.
O depoimento foi dado ao ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), relator das ações penais que investigam a tentativa de golpe de Estado.
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Cid também relatou que Filipe Martins, ex-assessor de Assuntos Internacionais da Presidência e réu do núcleo 2 da trama golpista, participou da reunião com Bolsonaro e, depois, fez alterações no texto conforme as ordens do ex-presidente.
“Depois que ele [Filipe Martins] saiu da reunião com o presidente, com as alterações feitas pelo presidente, ele veio até a minha mesa na sala auxiliar com este documento já rabiscado e ia fazer as alterações propostas pelo presidente”, afirmou Cid. A defesa de Filipe Martins nega qualquer relação com a minuta golpista.
Segundo o tenente-coronel, o documento era composto por duas partes. A primeira listava supostas interferências do STF e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) durante o governo Bolsonaro e o período eleitoral. A segunda previa a prisão de autoridades e a decretação de novas eleições.
Inicialmente, o texto mencionava a prisão de ministros do Supremo, incluindo Alexandre de Moraes, e outras autoridades como o então presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), mas, com as alterações sugeridas por Bolsonaro, passou a prever somente a prisão de Moraes.
O depoimento de Mauro Cid nesta segunda-feira (14) deu início a uma nova etapa do processo que investiga a tentativa de golpe de Estado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). As audiências dos núcleos 2, 3 e 4 seguem até 23 de julho para ouvir testemunhas de acusação e defesa.
Em junho, o STF ouviu as testemunhas do núcleo 1, que reúne Bolsonaro e sete de seus aliados mais próximos. A Corte pretende concluir o julgamento dos núcleos envolvidos no caso ainda em 2025.