Lula pede avanço de negociações entre Mercosul e Japão e lamenta goleada da Argentina: "Dia feliz e triste"
Sem citar Trump ou "tarifaço" dos EUA, presidente criticou protecionismo e afirmou que Brasil não quer "uma segunda Guerra Fria"
Felipe Moraes
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu avanço de negociações para acordo entre Mercosul e Japão durante discurso no Fórum Empresarial Brasil-Japão em Tóquio, nesta quarta-feira (26). "Nossos países têm mais a ganhar pela integração do que pelo recurso de práticas protecionistas", falou o chefe do Executivo. Sem citar o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, "tarifaço" ou guerra comercial, afirmou que o Brasil não quer "uma segunda Guerra Fria".
Dirigindo-se a autoridades como primeiro-ministro Shigeru Ishiba, e presidentes de Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), e Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que viajaram na visita oficial ao Japão, Lula começou fala lamentando goleada de 4 a 1 sofrida pela Seleção Brasileira para a Argentina, em jogo valendo pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026.
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"Hoje é um dia feliz e um dia triste para mim", brincou. "E também triste porque acharam que eu sou baixinho e colocaram um banco aqui para eu ficar mais alto, quando eu não sou tão baixo assim", continuou.
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O presidente afirmou que "nunca antes na história do Brasil houve tanto crédito disponibilizado para as pessoas mais pobres, para os trabalhadores e também para os grandes empresários e para o agronegócio". Nesse sentido, fez aceno ao empresariado japonês, defendendo nosso país como "porto seguro" para investimentos.
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Citou iniciativas como transição energética, a COP 30, a ser realizada em Belém no mês de novembro, e venda recém-fechada de 20 jatos da Embraer, no valor de R$ 10 bilhões, à Ana, maior companhia aérea japonesa.
Para o petista, o momento é de consolidação "de uma nova estratégia de relacionamento" com o Japão. Lembrou que viajou ao gigante asiático pela primeira vez há 50 anos, a convite de trabalhadores da Toyota, e destacou que, na atual e quinta visita, quer retomar patamar de 14 anos atrás nas relações econômicas entre os dois países.
"Assinaremos 10 acordos de cooperação nas mais diversas áreas, além de quase 80 instrumentos entre empresas, bancos, universidades e outras instituições. Resta, no entanto, um importante desafio. Nosso comércio bilateral diminuiu nos últimos anos. Caiu de US$ 17 bilhões em 2011 para US$ 11 bilhões em 2024. Algo não andou bem na nossa relação e é preciso aprimorá-la", disse.
Lula: "Não queremos uma segunda Guerra Fria"
"Estou seguro de que precisamos avançar com a assinatura de um acordo de parceria econômica entre Japão e Mercosul", completou Lula, enumerando uma série de críticas ao protecionismo. Defendeu democracia, que "corre risco no planeta, com eleição de uma extrema direita negacionista", e livre-comércio, mas sem citar recentes medidas tarifárias dos EUA ou promessas e ações de Trump na política externa.
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"Nós não queremos uma segunda Guerra Fria", reforçou. "Nós não podemos voltar a defender o protecionismo", completou o petista. "Porque nós não queremos mais muros. Nós não queremos mais Guerra Fria. Nós não queremos mais ser prisioneiros da ignorância. Nós queremos ser livres e prisioneiros da liberdade", finalizou.