Lula diz que Polícia Federal “não persegue ninguém”
Presidente ainda afirmou que crime organizado é multinacional durante posse de Lewandowski na Justiça
"E eu tenho certeza que você, Lewandowski, vai, como Flávio Dino, entrar para a história na criação do funcionamento, normatizando a atividade do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Ninguém persegue ninguém. A Polícia Federal não persegue ninguém. O governo federal não quer se meter, se intrometer a fazer a política de segurança nos estados", disse Lula.
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Nesta semana, a PF cumpriu busca e apreensão em uma operação que investiga o uso da estrutura da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para espionagem ilegal, em uma estrutura paralela. Um dos alvos dos mandados foi o filho 02 de Jair Bolsonaro, o vereador na cidade do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (Republicanos).
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Lula ainda definiu o crime organizado como uma “indústria multinacional” e disse a Lewandowski que o combate a essas estruturas vão além de boas relações com os entes federados, mas com outros países.
“Hoje nós sabemos que o crime organizado não é coisa de uma favela, de uma cidade ou estado. O crime organizado é uma indústria multinacional de fazer delitos internacionais e o crime organizado está em toda atividade deste país. Se a gente quiser pegar do futebol ao poder judiciário, a classe política e empresarial brasileira, o crime organizado está metido e mancomunado com gente dos EUA, França, Suécia, na Holanda. é uma rede com muito poder”, disse.
O presidente afirmou que essas organizações geram sofrimento principalmente às populações mais pobres.
Ricardo Lewandowski discursou antes do presidente Lula e também comentou sobre a “complexidade” do Brasil e de países ao redor do mundo em combater a rede criminosa organizada.
“A atuação das organizações criminosas, das quais se incluem as milícias, facções criminosas. Antes restritas a áreas periféricas, onde o estado era ausente, hoje se desenvolvem em toda a parte, com ousada desfaçatez e moldes empresariais”, disse o novo ministro da Justiça.
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Receio
Lula revelou que quando escolheu Flávio Dino para o Supremo Tribunal Federal (STF), teve “receio” de tirá-lo do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP).
“Eu tinha muito receio de tirar Dino do MJ por conta da colaboração política dele com o governo e com os partidos políticos no Senado e na Câmara”, disse Lula, que afirmou confiar "100%" em Ricardo Lewandowski.