Lula diz que não quer Brasil "eternamente dependente" de Bolsa Família ao lançar crédito para MEIs
Presidente aposta em medida provisória que cria nova linha de crédito para criar um país com uma "classe média sustentável"
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu, nesta segunda-feira (22), o acesso a crédito mais fácil para todas as pessoas, durante cerimônia de assinatura da medida provisória (MP) que criou o Acredita. O programa disponibiliza crédito para microempreendedores individuais (MEIs), micro e pequenas empresas e possibilita renegociar dívidas por meio do Desenrola Pequenos Negócios.
O presidente também afirmou que, por meio do Acredita, o Brasil vai pavimentar um caminho para criar uma sociedade com classe média sustentável. O chefe do Executivo também declarou não querer que o Brasil dependa "eternamente de um Bolsa Família".
"Queremos construir uma classe média sustentável com padrão de vida digno e decente. Para que as pessoas possam comer em um restaurante fim de semana, que as pessoas possam fazer viagens. Não queremos um país que eternamente dependa de um Bolsa Família, de um vale-gás. Enquanto esse país não fizer isso, nós não seremos uma sociedade de classe média e este programa dará um pontapé extraordinário. E uma coisa que descobri muito tempo atrás, que é colocar dinheiro na mão do povo", disse.
"Não tem nada mais imprescindível para a sociedade se a pessoa não tiver oportunidade e crédito. As pessoas que têm muito dinheiro, quando precisam, elas podem esperar alguns meses. Mas as pessoas que precisam de R$ 1 mil, R$ 1,5 mil, R$ 2 mil, que precisam de pouco para curar uma dor qualquer em casa, é difícil. Não tem banco pra receber, porque banco não foi preparado para receber pobre", disse o presidente.
Lula também sugeriu aos ministros Fernando Haddad (Fazenda) e Márcio França (Empreendedorismo) a criação de um canal de comunicação para o governo receber reclamações da população.
"Duas coisas que nós temos que fazer, Haddad. Uma, eu não sei se é o ministério do Márcio, mas criar um 180, 190, um telefone para que as pessoas pudessem telefonar e se queixar se as coisas não estão acontecendo. Porque muitas vezes as pessoas não têm a receptividade que imaginavam que iam ter. Então, ao invés de xingar a gente, é importante que a gente tenha pelo menos um ouvidor para que as pessoas possam se queixar", falou.
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O presidente também desafiou os avaliadores e indicadores do mercado sobre as previsões de crescimento do governo. Segundo Lula, o Brasil vai crescer acima de todas as previsões e aposta que o Acredita será fundamental para isso.
"Aos pessimistas que não acreditam no Brasil, este país vai crescer este ano, de novo, mais do que voces falaram até agora. Os empregos vão crescer mais do que vocês falaram até agora e a massa salarial vai crescer ainda mais do que vocês falaram até agora. Nós acreditamos no Acredita, nós acreditamos no Brasil e acreditamos no povo brasileiro", disse.
A MP inclui também um acréscimo de cerca de 1,2 milhão de jovens no Pé-de-Meia, programa de incentivo financeiro-educacional por meio de uma poupança.
Segundo o governo, o objetivo é promover a permanência e a conclusão escolar de estudantes matriculados no ensino médio público. Por meio do incentivo à permanência escolar, o programa quer democratizar o acesso e reduzir a desigualdade social entre os jovens do ensino médio, além de promover mais inclusão social pela educação, estimulando a mobilidade social.
O Pé-de-Meia prevê o pagamento de incentivo mensal de R$ 200, que podem ser sacados em qualquer momento, mais depósitos de R$ 1 mil ao final de cada ano concluído, que o estudante só pode retirar da poupança após se formar no ensino médio.
Considerando as dez parcelas de incentivo, os depósitos anuais e, ainda, o adicional de R$ 200 pela participação no Enem, os valores chegam a R$ 9,2 mil por aluno.