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Lula diz que leilão de arroz foi anulado por “falcatrua em uma empresa”

O presidente da República reafirmou que compra de produto importado foi decidida porque pacotes de arroz estavam sendo vendidos acima dos R$ 30

Lula diz que leilão de arroz foi anulado por “falcatrua em uma empresa”
“Não é possível. O povo não pode pagar R$ 36 em um pacote de 5kg", justificou Lula sobre a abertura do leilão | Reprodução YouTube\Lula
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou nesta sexta-feira (21) que o leilão de arroz foi anulado por causa de uma “falcatrua em uma empresa”. A justificativa oficial do governo no dia 11 de junho era de uma possível falta de capacidade técnica e financeira de empresas vencedoras da licitação para arcar com os compromissos.

Lula afirmou que a decisão de abrir o pregão foi uma medida “drástica” após ver que pacotes de arroz estavam sendo vendidos acima dos R$ 30. “Não é possível. O povo não pode pagar R$ 36 em um pacote de 5kg, este arroz está caro. Aí tomei a decisão de importar 1 milhão de toneladas. E depois tivemos anulação do leilão porque houve uma falcatrua numa empresa”, disse o petista.

Ele deu a entender que o governo deve seguir para um novo leilão: “Por que eu vou importar? Porque o arroz tem que chegar na mesa do povo no mínimo a R$ 20 o pacote de 5kg. Que compre a R$ 4 um quilo de arroz, mas não dá pra ser um preço exorbitante", argumentou Lula.

"Vamos inclusive financiar áreas de outros estados produtivas de arroz para não ficar dependendo apenas de uma região. Vamos oferecer um direito dos caras comprar e a gente vai dar uma garantia de preço para que as pessoas não tenham prejuízo", completou.

Lula deu entrevista à rádio Meio FM, de Teresina, no Piauí. O presidente está neste momento em turnê pelo Nordeste onde anuncia investimentos em infraestrutura.

Ministro da Agricultura também defende leilão

O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, defendeu à Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural da Câmara dos Deputados na quarta (19) o leilão para importação de arroz citando o que chamou de "ataque especulativo". “O fato real é que o arroz sobe diante da tragédia [das chuvas no Rio Grande do Sul], 30, 40%", afirmou.

“Em quatro dias, o valor disponível para comprar 100 mil toneladas era suficiente para comprar só 70 mil toneladas. Se isso não é um ataque especulativo, o que é, então?”, questionou.

Fávaro reforçou que a medida não visa a atacar produtores, uma vez que esses não têm relação com a escolha dos preços nas gôndolas. “Nunca vi um produtor botar preço no seu produto. Não é o produtor que fez o ataque especulativo”, ponderou. Ele defendeu o papel da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e a retirada de taxas de importação do produto.

“Em 2020 o governo Bolsonaro adotou as mesmas medidas que tomamos. Tirou a TEC, a taxa da importação de 12%, e importou 400 mil toneladas de arroz [...] O papel da Conab é ter o estoque para momentos de especulação”, disse a deputados.

Segundo Fávaro, os estoques da Conab são necessários para enfrentar “momentos de dificuldades”, usando como exemplo o preço do milho que dificultou o acesso de criadores de animais ao grão. Na ocasião, também foi feita a compra para abastecer o mercado nacional. “Evitou a inflação, evitou o desabastecimento, evitou a especulação da falta do milho”, afirmou.

Entenda: entre as funções da Conab, está administração de reservas de grãos e outros produtos agrícolas que podem tanto virar insumos, como o milho para ração, quanto chegar às gôndolas de supermercados. A finalidade é o controle de preços e/ou a garantia de oferta daquele produto.

Caso Geller e leilão cancelado

Segundo Fávaro, o ex-secretário de Política Agrícola, Neri Geller, não fez nada de errado, mas "precisa ser investigado". O ministro defendeu a exoneração para garantir transparência nas investigações contra o seu ex-aliado.

Marcelo Piccini Geller, filho do ex-deputado, é sócio de um ex-assessor do secretário, Robson Luiz de Almeida França, um dos negociadores do leilão, o que poderia configurar um suposto caso de favorecimento.

“Apesar do ato falho, de ter as ligações pessoais do filho com a empresa que operou este leilão, não teve nada de errado que possa sofrer qualquer tipo de condenação, mas precisa ser investigado. Por isso, o presidente Lula determinou que a CGU faça toda investigação, que a Polícia Federal faça toda investigação, fundamental na transparência e isso dá credibilidade nas ações do Governo”, declarou.
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