Leilão de Arroz: Secretário da Agricultura entrega o cargo em meio a polêmicas
Filho possui empresa com Robson Luiz de Almeida França: um dos negociadores do leilão; ministro diz que não há fato que gere "qualquer tipo de suspeita"
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, confirmou nesta terça-feira (11) a saída do secretário de Política Agrícola, Neri Geller, em meio a polêmicas envolvendo o leilão de arroz importado do governo.
Um filho de Geller, Marcelo Piccini Geller, abriu uma empresa com o ex-assessor do secretário Robson Luiz de Almeida França, um dos negociadores do leilão – alertando para um suposto caso de favorecimento.
"Não há fato que desabone ou que gere qualquer tipo de suspeita, mas que de fato gerou transtorno, e, por isso, [Geller] colocou o cargo à disposição", afirmou Fávaro.
Quando questionado se o ex-deputado federal foi demitido, Fávaro afirmou: "Ele pediu demissão e eu aceitei”.
Leilão de arroz
O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, confirmou nesta terça-feira (11) o cancelamento do leilão para a compra de arroz importado. Segundo afirmou, empresas vencedoras poderiam não ter capacidade técnica e financeira para honrar os compromissos”. Um novo leilão será realizado, mas ainda não há data.
Na quinta-feira (6), o governo havia confirmado a compra de 263,4 mil toneladas do cereal, por um valor de R$ 1,32 bilhão. A intenção da companhia era comprar até 300 mil toneladas.
Decidiu-se pela importação como medida contra o desabastecimento e o aumento dos preços do produto, após crise com chuvas que assolaram o Rio Grande do Sul – responsável por cerca de 70% da produção nacional. Como afirmado por Pretto, medida tinha como alvo unicamente o “elo mais fraco”, o consumidor.
Na coletiva de imprensa desta terça-feira, os representantes do governo explicaram que “as empresas são representadas por bolsas de mercadorias” e somente quando se conclui o acordo é que se sabe o nome de quem venceu. O governo, ao ter acesso aos vendedores, questionou “se verdadeiramente estas teriam capacidade técnica e financeira para honrar os compromissos”.
O chefe da Conab também afirmou que o modelo, executado pela 1ª vez desde 1987, será revisto para um novo leilão. “Nós pretendemos fazer um novo leilão, quem sabe em outros modelos, para que a gente possa ter as garantias de que nós vamos contratar empresas que tenham a capacidade”, afirmou.
Entenda: entre as funções da Conab está administração de reservas de grãos e outros produtos agrícolas que podem tanto virar insumos, como o milho para ração, quanto chegar às gôndolas de supermercados. A finalidade é o controle de preços e/ou a garantia de oferta daquele produto. ADI nº 7.664: há também, em trâmite no Supremo Tribunal Federal (STF), uma ação movida pela Confederação Nacional da Agricultura e Pecuária (CNA) que questiona constitucionalidade das Medidas Provisórias e demais atos que autorizam a realização do presente leilão.