Líder do PT na Câmara aciona Banco Central para investigar lucro suspeito com alta do dólar antes do tarifaço dos EUA
Lindbergh Farias quer identificar operadores que teriam usado informação privilegiada sobre sanções americanas para lucrar no mercado de câmbio
Gabriela Tunes
O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias, protocolou neste domingo (20) um pedido de providências ao Banco Central para apurar quem lucrou com a disparada do dólar horas antes do anúncio oficial dos Estados Unidos (EUA) sobre a imposição de tarifas de 50% a produtos brasileiros.
O partido aponta indícios de uso de informação privilegiada por agentes econômicos que teriam operado no mercado de câmbio com acesso antecipado à decisão do governo Trump.
+ Em meio à crise com Trump, Lula viaja ao Chile para discutir democracia com presidentes
A movimentação foi atípica e concentrada nas horas que antecederam o tarifaço. O PT pede para que o Banco Central identifique os comitentes finais das operações realizadas naquele dia, com dados sobre horários, volumes negociados e intermediadores financeiros. O objetivo é rastrear possíveis ilícitos e acionar outros órgãos de controle como CVM, COAF, Ministério Público Federal e Supremo Tribunal Federal (STF).
O caso ganha contornos mais graves ao se conectar com o Inquérito nº 4995/DF (Pet 14.129), que investiga uma suposta articulação de agentes políticos brasileiros para pressionar o Judiciário nacional por meio de interferência econômica externa.
+ Três ministros do STF não devem ser impedidos de entrar nos Estados Unidos
Em manifestação enviada ao STF, a Advocacia-Geral da União afirma que há elementos que apontam para tentativa de coação institucional, com efeitos colaterais no câmbio e na estabilidade financeira.
Para o líder do PT na Câmara, a medida busca preservar a integridade do sistema financeiro e blindar a soberania nacional contra o que foi classificado como estratégias antidemocráticas com impacto direto na economia. Se confirmadas, as operações podem configurar crimes de natureza cambial, econômica e financeira, incluindo o uso indevido de informação relevante não divulgada ao mercado.
