Inflação em decorrência da tragédia no RS afeta o "curto prazo", diz Haddad
Segundo ministro da Fazenda, não faz muito sentido o Banco Central considerar "o que está acontecendo em função do RS para fins de política monetária"
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta terça-feira (25) que há uma "pequena pressão inflacionária" em função da tragédia causada pelas fortes chuvas ocorridas no Rio Grande do Sul, mas que "essa é uma inflação que afeta o curto prazo".
"O horizonte do Banco Central é de médio e longo prazo. Não faz muito sentido levar em consideração o que está acontecendo em função do Rio Grande do Sul para fins de política monetária", acrescentou.
Segundo o ministro, os juros de hoje estão afetando "12, 18 meses para a frente", quando os problemas causados pelas enchentes no RS deverão estar superados. "Então, tem essas pressões de curto prazo, mas que estão sendo administradas com o apoio ao Rio Grande do Sul", complementou. As declarações foram dadas em entrevista a jornalistas.
Mais cedo, nesta terça, o Banco Central publicou a ata referente à reunião de 18 a 19 de junho do Comitê de Política Monetária, em que o Copom decidiu manter a taxa básica de juros, a Selic, em 10,5% ao ano.
A ata diz que há "grande incerteza a respeito dos efeitos econômicos da tragédia no Rio Grande do Sul" e que alguns integrantes do Comitê "mostraram maior preocupação com a inflação de alimentos no curto prazo, destacando não só o efeito das enchentes do RS, como também revisões nos preços de alimentos em outras regiões".
Questionado na entrevista se havia lido a ata, Haddad disse que deu "uma passada de olho" e acredita que ela está "muito aderente" ao comunicado do Copom sobre a manutenção da Selic.
"Eventuais ajustes [nos juros], se forem necessários, sempre vão acontecer. O que é importante frisar é que a diretoria fala [na ata] em uma interrupção do ciclo [de queda de juros]. Me parece que essa é uma diferença importante a ser salientada", pontuou.