General diz que Bolsonaro "desabafou" sobre eleições, mas não discutiu golpe
Estevam Theophilo Gaspar falou, em depoimento ao STF, de conversa que teve com ex-presidente em 2022 sobre a derrota eleitoral

Gabriela Vieira
O general da reserva Estevam Theophilo Gaspar disse nesta segunda-feira (28) que, a reunião de novembro 2022 com o então presidente Jair Bolsonaro (PL) não passou de um "desabafo" por parte do chefe de Estado.
"Realmente foi um desabafo, queixa sobre o processo eleitoral, foi praticamente um monólogo, ele desabafando efetivamente", afirmou. A declaração foi dada durante o interrogatório do chamado núcleo 3 ao Supremo Tribunal Federal (STF), no processo que apura a tentativa de golpe.
O general faz parte do grupo investigado por elaborar um plano de assassinato contra o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e do vice-presidente Geraldo Alckmin, segundo a PF. O plano foi denominado "Punhal Verde e Amarelo".
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Segundo as investigações da polícia, um plano de golpe teria sido discutido durante o encontro entre Bolsonaro e o general. No entanto, Gaspar nega que tenha discutido o golpe. "Não me foi apresentado nenhum documento, nem me foi proposto nada ilegal e constitucional", disse.
Ele acrescentou que o ex-comandante do Exército, general Marco Antônio Freire Gomes, teria dado o aval para ele se encontrar com Bolsonaro para "acalmar os ânimos". Sendo assim, a reunião foi de "caráter oficial".
"Ele reclamou [Bolsonaro] problemas que ouve no processo eleitoral, reclamou de algumas coisas dele próprio, podia ter agido diferente, minorado a sua veemência em algumas coisas e foi isso", afirma Gaspar. Segundo o general, ele disse para Bolsonaro "tocar para frente o barco e seguir o rumo".
Na época, Bolsonaro desabafou sobre a condução das eleições de 2022. O ex-presidente sustentava que o percurso estava "enviesado". Já que na época, ele não podia "falar nada, ele não podia transmitir live, não sei de onde, não podia apresentar imagem de não sei o que, enquanto que o outro lado, o concorrente dele podia, então o que ele acha, o que ele desabafou, foi isso", diz o general.
Fazem parte do núcleo 3:
- Três coronéis do Exército: Bernardo Romão Correa Netto, Fabrício Moreira de Bastos e Márcio Nunes de Resende Jr;
- Cinco tenentes-coronéis: Hélio Ferreira Lima, Rafael Martins de Oliveira, Rodrigo Bezerra de Azevedo, Ronald Ferreira de Araújo Jr. e Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros;
- General da reserva Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira;
- Agente da Polícia Federal Wladimir Matos Soares.
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