Flávio diz que Bolsonaro aceitou “pagar o preço” para viabilizar aprovação do PL da Dosimetria
Segundo senador, ex-presidente apoiou texto por considerar que ele acelera progressão de pena de outros condenados por 8/1, mesmo ficando sem anistia


Jessica Cardoso
O senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou nesta quinta-feira (11) que seu pai, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), reagiu com resignação à aprovação do PL da Dosimetria na Câmara dos Deputados.
Segundo ele, Bolsonaro teria concordado com a redação aprovada mesmo sabendo que, na prática, a nova regra deve permitir a progressão mais rápida ao semiaberto de praticamente todos os condenados pelos atos de 8 de janeiro, com exceção dele próprio.
“Ele falou para mim: ‘Flávio, pode aprovar desse jeito que eu vou aqui pagar o preço. Porque, para mim, eu encaro isso aqui, eu resolvo, mas o que mais me dói o coração é saber que essas pessoas inocentes estão sendo perseguidas e não estão podendo conviver em suas casas”, disse o senador em entrevista ao canal Irmãos Dias Podcast, no YouTube.
De acordo com o relato de Flávio, Bolsonaro não abriu mão de defender a anistia, mesmo sinalizando que aceitava seguir preso.
“Lá na frente a gente vê como é que faz. Pega isso aí agora e vamos continuar lutando pela anistia, porque pelo menos essas pessoas vão estar em casa, não vão estar sofrendo como eu tô sofrendo aqui”, teria dito o ex-presidente.
Bolsonaro está preso na Superintendência da Polícia Federal, em Brasília, desde 22 de novembro. Ele foi condenado pela Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) a 27 anos e três meses de prisão pelos atos relacionados à tentativa de golpe de Estado. Antes disso, cumpria prisão domiciliar desde 4 de agosto.
Aprovado pela Câmara na madrugada de quarta-feira (10), o PL da Dosimetria reduz penas aplicadas a condenados pelos atos de 8 de janeiro e por crimes correlatos.
A proposta altera dispositivos do Código Penal e da Lei de Execução Penal e, se aprovada pelo Senado e sancionada, poderá diminuir de forma significativa o tempo de prisão dos condenados, incluindo o próprio ex-presidente.
Considerando critérios de remição por estudo e trabalho, a pena em regime fechado de Bolsonaro poderia cair para cerca de 2 anos e 4 meses.
A expectativa inicial de aliados do ex-presidente era aprovar uma anistia ampla, geral e irrestrita. O projeto não avançou. Com o apoio de partidos de centro, o relator da matéria na Câmara, deputado Paulinho da Força (Solidariedade-SP), apresentou um texto que rejeita o perdão total e opta por uma revisão mais ampla das penas. Agora, o projeto será analisado pelo Senado.








