Ex-ministro da Defesa nega ter sido pressionado por Bolsonaro para alterar relatório sobre urnas
Paulo Sérgio Nogueira depõe no STF; documento entregue por militares não apontou fraudes nas eleições de 2022
Jessica Cardoso
O ex-ministro da Defesa Paulo Sérgio Nogueira negou nesta terça-feira (10) ter sido pressionado por Jair Bolsonaro para alterar o relatório que analisou o processo eletrônico de votação nas eleições de 2022.
“O presidente da República jamais me pressionou, seja para mandar um relatório só para o segundo turno, seja para alterar o relatório. O que mais me deixa de cabeça quente é saber, pela denúncia, pelo inquérito, que eu havia alterado esse relatório”, disse durante seu interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF) sobre a tentativa de golpe de Estado de 2022.
Representantes das Forças Armadas participaram de uma comissão de fiscalização das eleições de 2022, organizada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE). O documento entregue pelos militares não apontou fraudes no sistema eleitoral no pleito daquele ano, mas sugeriu adaptações no sistema.
Mais cedo nesta terça-feira (10), Bolsonaro também negou ter pressionado Nogueira a incluir a possibilidade de fraudes nas urnas eletrônicas no relatório. Em seu depoimento ao STF, disse que pediu ao ministro que fizesse um documento “o mais imparcial possível”.
“Jamais pressionei qualquer ministro, muito menos o general Paulo Sérgio, para que fizesse isso ou aquilo. O relatório contou com o meu acordo. Sempre estive ao lado da Constituição e refuto qualquer minuta que não esteja enquadrada nela”, disse.
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As declarações de Bolsonaro e Nogueira contradizem o depoimento de Mauro Cid. Segundo o tenente-coronel, o ex-presidente queria um documento “duro” contra as urnas eletrônicas.
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