Bolsonaro diz que buscou alternativas na Constituição para reverter resultado das eleições de 2022
Ex-presidente negou ter editado minuta do golpe em interrogatório nesta terça (10) no Supremo
Yumi Kuwano
O ex-presidente Jair Bolsonaro, réu no processo que investiga a trama golpista, negou que teve contato e editou a minuta do golpe durante o seu interrogatório no Supremo Tribunal Federal (STF) nesta terça-feira (10).
"Quando se fala em minuta dá a entender que é uma minuta do mal, da nossa parte, eu sempre estive do lado da Constituição, então eu refuto qualquer possibilidade de falar em minuta de golpe ou que não esteja enquadrada na Constituição brasileira", disse.
Segundo ele, não era de seu conhecimento qualquer documento que previa prisão de autoridades.
"Não havia da nossa parte uma gana de procurar. Vamos supor que viéssemos a encontrar remotamente algo na Constituição, o sentimento de todo mundo era que não tínhamos mais o que fazer. Se tivesse que ser feito alguma coisa seria lá atrás, via Congresso Nacional, que não foi feito, então tínhamos que entubar o resultado das eleições", disse.
O ex-presidente ainda se defendeu dizendo que não se faz um golpe com meia dúzia de pessoas. “A questão de 64, que a esquerda chama de golpe até hoje, teve apoio do Congresso Nacional, de toda imprensa, da Igreja Católica, das senhoras nas ruas, a classe empresarial, o pessoal do agro, o apoio externo. Tudo isso foi presente”, comentou.
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No entanto, Bolsonaro admitiu que discutiu alternativas para reverter o resultado do pleito "dentro da Constituição".
"As conversas eram bastante informais para ver se existia alguma hipótese de um dispositivo constitucional para nós atingirmos um objetivo que não tínhamos atingido no TSE. Isso foi descartado logo na primeira, segunda reunião", afirmou.
Na segunda-feira (9), o primeiro réu a depor nesta etapa do processo, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid, afirmou que o ex-presidente recebeu, leu e solicitou alterações a minuta do golpe, que tinha o objetivo de contestar os resultados das eleições e impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva.
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Durante o interrogatório, Bolsonaro também comentou que não passou a faixa presidencial a Lula na cerimônia de posse porque seria uma vergonha. "Eu não ia me submeter a maior vaia da história do Brasil. Passar a faixa para esse atual mandatário que está aí", justificou.