Eduardo Bolsonaro diz que aprovação da anistia abrirá espaço para redução de tarifas dos EUA
Ao SBT, deputado licenciado indica possibilidade de aplicação de sanções para pessoas que estejam ligadas a Alexandre de Moraes e mais vistos cancelados
SBT Brasil
Eduardo Bolsonaro afirmou, nesta quinta-feira (4), que a anistia aos condenados e réus por tentativa de golpe abrirá espaço para os Estados Unidos baixarem as tarifas impostas a produtos brasileiros.
Em entrevista à correspondente do SBT em Washington, Patrícia Vasconcellos, o deputado federal licenciado disse que, se os parlamentares colocarem em votação o texto da anistia “haverá espaço para o resgate da harmonia entre os poderes, e isso sim vai fazer as tarifas serem reduzidas”.
“Inicialmente, o primeiro passo é votando uma lei de anistia para a gente virar essa página. Então de nada vale contratar o melhor escritório de advocacia ou de lobby norte-americano, porque isso não vai fazer mudar a vontade do presidente Trump”, reforçou.
O deputado também apontou para a possibilidade de cancelamento de vistos não apenas de autoridades brasileiras, mas de cidadãos comuns, que estejam ligados de alguma maneira ao ministro Alexandre de Moraes, relator da ação contra Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF).
+ Motta diz que ainda não há definição sobre votação da anistia: "Estamos muito tranquilos"
“Está muito claro através das diversas manifestações pelo State Department, secretário Marco Rubro, e o Secretário do Tesouro, Scott Besset, e o próprio presidente Trump, de que todos aqueles que acompanharem Alexandre de Moraes nessa inquisição… correm o risco de sofrerem as mesmas punições”, afirmou, citando a Lei Magnitsky já aplicada o ministro do Supremo.
“Eu não falo em nome da, das autoridades americanas, mas o meu sentimento é que seria muito possível a aplicação também de sanções contra pessoas que queiram insistir nessa perseguição política”, complementou Eduardo.
O deputado brasileiro - que também responde a um inquérito sobre obstrução de Justiça por influenciar o governo Trump a aplicar medidas contra o Brasil em troca de uma anistia a Bolsonaro - afirma que tem levado reportagens do Brasil a reuniões com interlocutores da Casa Branca, “para atualizar” sobre o que ocorre no Brasil.
“Por exemplo, quando estivemos juntos ao secretário Scott Besset, do Tesouro Nacional, nós levamos a ele as matérias da imprensa, principalmente, dando conta de que a lei Magnitsky não estava sendo totalmente implementada. E agora, recentemente, a gente viu que os bancos brasileiros foram notificados sobre o cumprimento da lei Magnitsky. Até porque, se não estiver sendo bem cumprida a lei Magnitsky, isso demonstra uma fraqueza por parte dessa ferramenta norte-americana, e certamente isso não é desejável para eles”, disse o deputado.
“Muito em breve os bancos terão que primeiro responder a essa indagação… a a depender da resposta, isso pode se desencadear até uma sanção, como já ocorreu no passado com bancos estrangeiros”, complementou.
Eduardo também acusou Moraes de montar um "aparato persecutório" usando agentes, delegados da Polícia Federal e pessoas do seu gabinete. Ele cita o depoimento do ex-assessor do ministro, Eduardo Tagliaferro, à Comissão de Segurança Pública do Senado Federal na terça-feira (2), em que afirma que o magistrado adulterou documentos para justificar operações da Polícia Federal.
O perito, que está foragido na Itália, apresentou denúncia por videoconferência no Senado.
+ Lula diz que anistia corre o risco de ser aprovada se for pautada no Congresso
Segundo Eduardo, todos os operadores ativos desse “ecossistema” estão na mira dos americanos para possíveis sanções.
“Eu acredito que a gente vai ter sim uma nova leva dessa punição através do cancelamento de vistos americanos. Eu não consigo aqui precisar, mas eu diria que existem muitos que estão no radar”, afirmou.
Outro lado
Em nota, o gabinete do ministro Alexandre de Moraes disse que os procedimentos adotados nos inquéritos das Fake News e das Milícias Digitais foram regulares e estão devidamente documentados nas investigações em curso no STF, com participação da Procuradoria-geral da República.
O SBT News também pediu ao Supremo um posicionamento sobre as acusações de perseguição política e aguarda retorno.
Leia a nota de Alexandre de Moraes na íntegra:
"O gabinete do Ministro Alexandre de Moraes esclarece que, no curso das investigações dos inquéritos 4781 (Fake News) e 4878 (Milícias Digitais), nos termos regimentais, diversas determinações, requisições e solicitações foram feitas a inúmeros órgãos, inclusive ao Tribunal Superior Eleitoral, que, no exercício do poder de polícia, tem competência para a realização de relatórios sobre atividades ilícitas, como desinformação, discursos de ódio eleitoral, tentativa de golpe de Estado e atentado à Democracia e às Instituições.
Os relatórios simplesmente descreviam as postagens ilícitas realizadas nas redes sociais, de maneira objetiva, em virtude de estarem diretamente ligadas as investigações de milícias digitais.
Vários desses relatórios foram juntados nessas investigações e em outras conexas e enviadas à Polícia Federal para a continuidade das diligências necessárias, sempre com ciência à Procuradoria Geral da República. Todos os procedimentos foram oficiais, regulares e estão devidamente documentados nos inquéritos e investigações em curso no STF, com integral participação da Procuradoria Geral da República.
Na PET 10.543, o procedimento foi absolutamente idêntico. Após a decisão do Ministro relator, em 19 de agosto, foi solicitado relatório para o TSE, que foi juntado aos autos no dia 29 de agosto, tendo sido dada vista imediata às partes. O recurso da PGR não foi conhecido pelo STF, em 9 de setembro. Tudo regular e oficialmente nos autos".