Desaprovação do governo Lula cai para 51%, enquanto aprovação sobe a 46%, diz Genial/Quaest
Avaliação da gestão do mandatário atingiu melhor patamar desde janeiro; levantamento também traz dados da percepção popular sobre tarifaço

Felipe Moraes
A desaprovação do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) caiu dois pontos percentuais (p.p.) em agosto, para 51%, enquanto aprovação subiu três, chegando a 46%, aponta pesquisa Genial/Quaest divulgada nesta quarta-feira (20). Comparação é com números de levantamento divulgado em julho.
A diferença de cinco pontos entre dois índices é a menor desde janeiro de 2025, quando desaprovação estava em 49% e aprovação, em 47%. Maio registrou a maior distância entre quem reprova (57%) e quem aprova (40%), de 17 p.p.
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A pesquisa Genial/Quaest foi realizada entre 13 e 17 de agosto, em municípios de oito estados (Bahia, Goiás, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo), com brasileiros de 16 anos ou mais. Margem de erro é de dois pontos, e nível de confiança chega a 95%.
Na avaliação qualitativa do governo Lula, quem acha negativo caiu de 40% para 39%. Já índice de quem considera positivo aumentou um ponto acima da margem de erro, de 28% para 31%. Opinião de que gestão é regular desceu de 28% para 27%.
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Avaliação por região, estado e renda
No recorte por região do Brasil, avaliação do governo melhorou principalmente no Nordeste: aprovação subiu sete pontos, de 53% para 60%, enquanto reprovação recuou sete, de 44% para 37%.

Também houve mudanças fora da margem de erro em alguns dos oito estados pesquisados no levantamento – nesse caso, comparação é com dados de fevereiro. Na Bahia, aprovação disparou de 47% para 60%, e desaprovação despencou de 51% para 39%. Movimento semelhante ocorreu em Pernambuco: aprovação avançou de 49% para 62%, e reprovação desceu de 50% para 37%.
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Desaprovação desacelerou em Goiás, Paraná, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo, mas segue acima de 60%. Em Minas Gerais, aprovação subiu cinco pontos, de 35% para 40%, enquanto desaprovação caiu quatro, de 63% para 59%.
Já em dados por renda familiar, o governo Lula recuperou popularidade entre quem ganha até dois salários mínimos: aprovação saiu de 46% e atingiu 55%, e desaprovação também mudou nove pontos, de 49% para 40%.
Preço de alimentos e tarifas dos EUA
O diretor da Quaest, Felipe Nunes, analisou que aumento da popularidade de Lula pode ser explicado por dois fatores: percepção popular de que preços de alimentos caíram e reação do governo ao tarifaço imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a produtos brasileiros, que alcança 50% em alguns setores, como café, carne e frutas.
"Depois de mais de um ano e meio, a parcela de brasileiros que percebe alta no preço dos alimentos caiu para perto de 60%. Esse alívio no bolso impulsionou a popularidade do governo, sobretudo entre os mais pobres. A sensação de melhora nos preços dos alimentos vem sendo sentida em todas as regiões do país desde o começo do ano. Mas agora, sem as crises do Pix e do INSS, produzem efeitos mais acentuados e percebidos na popularidade do governo", afirmou Nunes, em postagens na rede social X (ex-Twitter).
O pesquisador também destacou diminuição, pela primeira vez desde outubro de 2023, no número de brasileiros que "acreditam ter hoje um poder de compra menor do que há um ano". "Saiu de 80% para 70% quem achava que o poder de compra tinha diminuído no último ano", explicou.

Em relação a julho, subiu de 66% para 84% o índice de brasileiros que se dizem informados sobre tarifas de Trump ao Brasil. E avaliação negativa da medida dos EUA segue alta: caiu um ponto, de 72% para 71%, a opinião de brasileiros que acham errado o mandatário norte-americano ter taxado o Brasil por acreditar que há uma perseguição ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no Brasil.
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O número de quem acredita que sobretaxas vão "prejudicar a vida" segue acima de 75%: saiu de 79% para 77%. À pergunta "qual lado está fazendo o que é mais certo nesse embate?", a porcentagem de quem respondeu Lula e o PT cresceu de 44% para 48%. Quem falou Bolsonaro e aliados desceu de 29% para 28%.
Um outro dado é destacado por Nunes, indicando que "parece cada vez mais evidente que o clã Bolsonaro sai desgastado deste episódio".
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Trata-se da opinião popular sobre atuação do deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que abandonou mandato e se mudou para os EUA com objetivo de trabalhar por sanções ao Brasil e a autoridades nacionais, como o ministro Alexandre de Moraes, e para tentar ajudar a livrar o pai do processo sobre tentativa de golpe de Estado. Julgamento do ex-mandatário e de outros sete réus no Supremo Tribunal Federal (STF) será em setembro.

Para 69% de quem respondeu à pesquisa, o "filho 03" do ex-presidente defende "interesses dele e da família Bolsonaro". Já 23% acham que o deputado trabalha por interesses do país.
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