Ausência de Lira no acordo entre governo e Congresso sobre desoneração chama atenção; veja análise
Foto que marcou entendimento sobre medida reúne Pacheco, ministros Haddad e Padilha e senador Randolfe, líder do Executivo no Congresso
A foto que marcou acordo entre governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e Congresso Nacional sobre a desoneração da folha de pagamentos chamou atenção pela ausência de uma autoridade importante: Arthur Lira (PP-AL), presidente da Câmara dos Deputados. O editor-executivo do SBT News em Brasília, Afonso Benites, faz uma análise desse assunto no programa Brasil Agora desta sexta-feira (10).
"Quem faltou ali? Arthur Lira. Onde é que ele estava? Isso demonstra que não está tão próximo do governo federal como já esteve em algum momento", aponta Benites. "E mostra que relações dele com partes do governo, principalmente Padilha, estão estremecidas", completou.
A imagem que marcou o acordo reúne o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, o líder do governo no Congresso, senador Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
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Lira e Padilha tiveram embate recente. Depois, os próprios envolvidos apagaram o incêndio. Mas a tensão parece seguir no ar.
"Uma cena chamou atenção no Planalto nesta semana. Padilha conversava com jornalistas após evento. Lira passou por ele falando ao telefone e fingiu que não o viu. Relação não voltou ao normal. Apesar de o ministro ter dito que, com ele, estava tudo certo. Passar e fingir que não viu... É mais um sinal de que o negócio não está tão bem assim", comenta Benites.
Benites também lembra que, no caso da desoneração da folha de pagamentos, o governo adotou a mesma estratégia usada na tramitação da reforma tributária: colocou Haddad em campo para negociar com o Congresso.
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Entenda acordo sobre desoneração e reoneração
Nessa quinta (9), governo e Congresso chegaram a um entendimento sobre a desoneração: será mantida em 2024, com reoneração (ou tributação) gradual até 2028.
O acordo veio após meses de queda de braço. Câmara e Senado aprovaram a medida e, depois, derrubaram veto de Lula ao projeto. O governo, então, entrou com ação no Supremo Tribunal Federal (STF) questionando a constitucionalidade da matéria, com decisão liminar do ministro Cristiano Zanin a favor do Executivo.
O ministro Luiz Fux pediu vista (mais tempo para análise), e o julgamento, que segue suspenso, está em 5 votos a 0 pela suspensão da desoneração. Com o acordo de ontem, governo pedirá ao STF uma modulação da decisão, para que seja mantida a desoneração a 17 setores da economia até o fim de 2024.