Moraes “é uma ameaça à democracia”, diz Malafaia em ato pró-Bolsonaro
Pastor evangélico foi um dos organizadores do evento; em fala mirou a Suprema Corte, Rodrigo Pacheco e negou tentativa de golpe de Estado
Em ato de apoio a Jair Bolsonaro (PL) neste domingo (21), em Copacabana, Rio de Janeiro, o pastor evangélico Silas Malafaia subiu o tom sobre o Supremo Tribunal Federal (STF). Ele afirmou que o ministro Alexandre de Moraes “é uma ameaça à democracia”. Malafaia foi um dos organizadores do evento.
Na visão do líder religioso, o Inquérito das fake news é “ilegal e imoral”, uma vez que o ministro-relator (Moraes) acumula as posições de “vítima, delegado, procurador, investigador e juiz”. Ele diz que Moraes criou o "crime de opinião", o que classificou como "aberração jurídica". “Cerceou redes sociais do povo, censurou deputados… Fez uma lambança”, afirmou Malafaia. Assim como no ato de 25 de fevereiro, na Avenida Paulista, couberam a ele as críticas mais diretas ao Supremo.
O pastor afirmou que o “jogo safado de querer controlar as redes sociais é para impor uma ditadura”. Moraes tem sido criticado por decisões que bloquearam contas aliados de Bolsonaro acusados de propagar notícias faltas e incitar atos antidemocráticos. O pastor também criticou o projeto de lei que tramita no Congresso e pretende criminalizar conteúdos falsos e enganosos. "É um projeto de censura", afirmou.
Ainda sobre o tema, avaliou que Rodrigo Pacheco (PSD-MG), presidente do Senado Federal, é "frouxo, fraco e omisso". Um eventual pedido de impeachment de Moraes teria que ser colocado em pauta por Pacheco, que, segundo Malafaia, “envergonha a honra do povo mineiro que elegeu ele“. "Vai ser acusado por prevaricação", disse, ao lado do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro.
Tentativa de golpe
Ao iniciar sua fala no trio elétrico, Silas Malafaia chamou a investigação que recai sobre Jair Bolsonaro de "safadeza capitaneada pelo Grupo Globo". Para ele o ex-chefe da República “não propôs golpe”.
Ele reforçou que Bolsonaro encaminhou “um documento para análise dos comandantes militares sobre GLO, Garantia da Lei e da Ordem, artigo 142 da Constituição”, e questionou: “onde está a ilegalidade?” Para ele, tudo se trata de uma notícia falsa e considera o inquérito uma “farsa”.
Segundo o pastor, uma tomada ilegal do poder só se daria pelo “uso de violência ou de ameaça grave”. "Cadê o canhão, cadê a bomba, cadê a metralhadora?"
Outros apoiadores
O evento também contou com a presença de outros apoiadores, mas nem todos discursaram. Segundo a organização do evento, foram gastos R$ 125 mil com a montagem da estrutura. Tudo custeado por ao menos 25 parlamentares e apoiadores, segundo consta. Discursaram:
- Gustavo Gayer (PL), deputado pelo estado de Goiás, foi o primeiro a citar o bilionário Elon Musk. Chamando o empresário de “guerreiro da liberdade”, fez uma parte da fala em inglês para, em suas palavras, mostrar ao mundo "a ameaça à democracia brasileira";
- Zoe Martinez, cubana radica no Brasil desde 2012, é pré-candidata a vereadora em São Paulo e disse que Lula “defendeu ditaduras” como a de Cuba ao lamentar a morte de Fidel Castro;
- Marcos Feliciano (PL), deputado pelo estado de São Paulo, concentrou-se em criticar o inquérito das fake news e o projeto de lei de regulamentação das redes sociais, que classificou como “ditadura”. Afirmou que “ateus, comunistas e socialistas” podem ameaçar a fé, alegando que a falta de comprovação da existência de Deus pode ser enquadrada no discurso de informações falsas;
- Nikolas Ferreira (PL), deputado pelo estado de Minas Gerais, atacou Lula na gestão da crise da dengue, chamando-o de “presidengue”. Nikolas também citou Musk e pediu palmas ao norte-americano.