Alcolumbre cogita deixar o governo “sangrar” com calendário indefinido para Messias até 2026
Presidente do Senado pegou a Casa de surpresa ao cancelar sabatina; aliados tentam encontro entre ele e Lula para destravar crise


Murilo Fagundes
A suspensão da sabatina do advogado-geral da União, Jorge Messias, por tempo indeterminado abriu, entre aliados de Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), a possibilidade concreta de que o processo só ocorra em 2026, ou até mesmo depois das eleições, segundo as falas mais exaltadas do senador.
O gesto expôs uma sequência de irritações que vinham se acumulando e que, nos bastidores, explicam por que o presidente do Senado decidiu paralisar a indicação de forma tão brusca.
Segundo aliados próximos, Alcolumbre não queria ficar refém da estratégia do Planalto. Ao cancelar o calendário, o presidente do Senado buscou forçar o governo a se movimentar e assumir a responsabilidade que vinha evitando ao não enviar a mensagem formal.
A leitura interna é de que ele decidiu inverter o tabuleiro: se o Executivo queria ganhar tempo, agora é o governo que terá de correr atrás para reconstruir pontes e enfrentar o desgaste político criado nos últimos dias.
Primeiro, causou incômodo a forma como o governo anunciou a indicação, considerada por pessoas próximas como precipitada e sem a devida formalidade do anúncio.
Depois, pesou a avaliação de que o Planalto adotou uma “artimanha” ao não enviar a mensagem oficial com currículo e documentos, condição indispensável para pautar a sabatina sem criar insegurança jurídica.
A percepção de Alcolumbre era a de que o governo tentaria transferir ao Senado a responsabilidade pela rejeição se isso viesse a acontecer, e isso deteriorou ainda mais o ambiente.
A situação escalou de vez nesta terça-feira (2), quando o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), afirmou publicamente que não havia previsão para o envio da mensagem.
A fala foi lida por aliados de Alcolumbre como a confirmação de que o Planalto estava empurrando o problema adiante. Somado a isso, as insinuações de que ele estaria negociando cargos foram tratadas como ofensivas e injustas, fechando de vez qualquer tentativa de aproximação.
No plenário, o anúncio do cancelamento foi recebido com apoio explícito de alguns pares, reforçando a percepção de que parte do Senado entendeu o gesto como necessário. Agora, em meio ao desgaste crescente, há um movimento para aproximar Lula e Alcolumbre e tentar destravar a crise. Até lá, o calendário segue indefinido.









