Política

Lula que tomou iniciativa de ligar para Trump e vê oportunidade na pauta das organizações criminosas

Presidente buscou destravar tarifas remanescentes, reforçou cooperação contra crime e deixou para outro momento tema sensível da Lei Magnitsky

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Lula e Trump | Thiago Fontenele/SBT News

O telefonema do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nesta terça-feira (2), não foi apenas um gesto protocolar. Segundo fontes do governo, a ideia da ligação partiu do próprio Lula, que quis avançar no diálogo depois de a “linha ficar aberta” entre os dois líderes na rápida conversa que tiveram na Ásia.

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Na nova conversa, Lula comemorou a retirada da tarifa adicional de 40% sobre carne, café, frutas e outros produtos agrícolas, mas cobrou de Trump a eliminação das tarifas que ainda restam, tratadas internamente como o principal entrave das negociações.

O governo avalia que uma próxima rodada técnica deve ocorrer “em breve”.

Ao mesmo tempo, Lula percebeu uma oportunidade política na interlocução direta com Washington: o combate às organizações criminosas. A avaliação interna é de que o tema cria um espaço inédito para aproximação com os EUA em uma área historicamente pouco associada aos governos petistas.

Lula destacou a ofensiva federal para asfixiar financeiramente o crime organizado, mencionou ramificações internacionais e defendeu uma ação conjunta para enfrentar tráfico de drogas, violência transnacional e redes de narcoterrorismo.

A aposta do governo é de que essa pauta ajude a descolar Lula da crítica de que seu governo não atua com rigor contra o crime organizado, ao mesmo tempo em que abre caminho para uma parceria estratégica com os EUA.

Trump demonstrou disposição total para cooperar e sinalizou apoio a iniciativas conjuntas na área de segurança. Ambos concordaram em retomar o diálogo nas próximas semanas, acompanhando tanto a agenda comercial quanto o avanço das discussões sobre cooperação criminal.

Nos bastidores, porém, assessores admitem que há desafios relevantes pela frente. O maior deles segue sendo a Lei Magnitsky, usada pelos EUA para suspender os vistos de ministros do STF e do procurador-geral da República. O tema, politicamente explosivo, ainda não entrou de forma profunda nas conversas e deve ficar para um segundo momento.

Mesmo com divergências entre Brasil e Estados Unidos sobre temas como a condução da crise venezuelana, fontes avaliam que o momento é propício para reposicionar o país como parceiro estratégico na área de segurança e ampliar o espaço de diálogo com o governo Trump.

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