Publicidade
Política

Empresário mineiro golpista levou "milícia" à invasão dos Três Poderes

Esdras Santos organizou "exército paralelo" para cometer atos no dia 8, diz OAB

Imagem da noticia Empresário mineiro golpista levou "milícia" à invasão dos Três Poderes
Esdras
• Atualizado em
Publicidade

A Polícia Federal (PF) investiga o empresário mineiro Esdras Jonatas dos Santos como um dos financiadores, organizadores e incitadores das invasões criminosas aos prédios do Palácio do Planalto, do Congresso Nacional e do Supremo Tribunal Federal (STF), em 8 de janeiro. Em notícia-crime apresentada ao Supremo, ele é acusado de levar para Brasília uma "milícia, um verdadeiro exército paralelo".

+ Leia as últimas notícias no portal SBT News

Em vídeo entregue ao STF na última semana, Esdras Santos convoca "soldados" para levar 2 milhões de pessoas ao Distrito Federal e avisa: "Não é passeio".

"Nós estamos fazendo essa live para as pessoas, homens bravos, homens fortes e mulheres também, que não podem ficar pra trás, mulheres fortes que queiram ir para Brasília, para esses dia 07, 08 e 09", diz Santos, em vídeo ao qual o SBT News teve acesso. "Todo o Brasil vai parar."

O vídeo tem 12 minutos e foi anexado em um dos inquéritos abertos no STF, conduzidos pelo ministro Alexandre de Moraes, contra os atos antidemocráticos. As investigações atingem os envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, aliados e o próprio ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Esdras afirma no vídeo que a viagem será "muito importante". "Nós iremos para buscar a libertação do nosso Brasil, não é um passeio para conhecer a cidade turística, é para ir para Brasília lutar contra o comunismo."

oab
Trecho de notícia-crime enviada pela OAB-MG ao STF | Reprodução

O vídeo foi enviado pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) de Minas Gerais, na 3ª feira (9.jan), em notícia-crime em que pede a abertura de um inquérito contra o empresário bolsonarista e sua inclusão em ação penal.

A entidade considera que "os fatos narrados deixam evidente que as condutas de Esdras se amoldam aos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito e Golpe de Estado" - duas tipificações criminais do Código Penal Brasileiro em que os golpistas estão sendo enquadrados nas investigações da PF e do MPF.

A OAB de Minas destaca que Esdras Santos deixa claro "seu intento criminoso". 

"Fica bem evidente que levou para Brasília uma milícia, um verdadeiro exército paralelo, para a tomada dos Poderes da República, já que ele deixa bem claro em sua convocação, que não serão admitidas crianças, apenas homens e mulheres FORTES poderiam se ALISTAR, para LUTAR contra o comunismo", registra o documento da OAB-MG.

Alistamento
No vídeo, Santos afirma que as pessoas devem ir ao acampamento montado na frente do quartel do Exército de Belo Horizonte para se alistar. "É um alistamento mesmo, é para você se alistar, meu amigo, nós estamos em uma guerra espiritual, e nós sabemos que precisamos de pessoas valentes para lutar a favor do nosso país."

O ministro Alexandre de Moraes mandou a PF confiscar o passaporte do empresário mineiro. Segundo a Rádio Itatiaia, o golpista teria embarcado com dois parentes em um voo com escala no Panamá e seguiu para Miami, nos Estados Unidos, após a invasão das sedes dos Três Poderes. O SBT News não conseguiu contato com o empresário.

mg
Documento de inteligência da PM de MG, identifica Esdras (com a bandeira) | Reprodução

Monitorado
Esdras dos Santos caiu no radar da PF antes mesmo da posse do presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Empresário do setor têxtil, ele foi apontado como um dos principais líderes dos atos antidemocráticos em Belo Horizonte, em especial no acampamento em frente ao quartel.

+ Relatórios enviados ao STF identificam patrocinadores de protestos

+ Donos de clubes de tiro e lojas de armas são identificados nos atos

Um relatório de inteligência da Polícia Militar (PM) de Minas apontava Santos como uma das lideranças dos protestos bolsonaristas. O documento foi enviado ao Supremo, em novembro, durante os bloqueios de rodovias e início da montagem dos acampamentos nas frentes dos quartéis, após derrota de Bolsonaro no segundo turno das eleições.

"Não há liderança clara frente às manifestações, em que pese duas pessoas destacarem-se, Cristiano Rodrigues dos Reis e Esdras Jonatas dos Santos", informa o documento assinado pelo comandante-geral da PM de Minas, coronel Rodrigo Sousa Rodrigues. 

pgbh
Trechos de pedido da procuradoria de BH contra Esdras | Reprodução

Esdras Santos também não precisa ser apresentado ao ministro Alexandre de Moraes. Foi ele o autor de um pedido à Justiça Estadual de Minas, na semana anterior à invasão aos prédios-sede dos Três Poderes, pedindo a volta para o acampamento bolsonarista em frente ao QG do Exército, em Belo Horizonte.

O pedido foi concedido pelo juiz plantonista Wauner Batista Ferreira Machado. A Procuradoria-Geral da Prefeitura de Belo Horizonte recorreu e alegou também que Santos pediu gratuidade judiciária, alegando não ter condições de pagar as custas do pedido.

No entanto, o empresário ostenta vida luxuosa. "Possuindo porsches e jatinhos, estranha-se o impetrante ter se autoafirmado 'pobre' com o único intuito de se eximir do pagamento das custas judiciais pelo processo que ajuizou."

mg

Moraes expediu, no dia seguinte, sábado (7.jan), uma ordem de anulação da decisão do juiz mineiro e aplicou uma multa de R$ 100 mil contra Esdras Santos por "litigância de má fé". Ao decretar a medida, o Supremo informa ter conhecimento de notícia de que Esdras teria se "evadido do território nacional".

O empresário mineiro já era alvo no processo que determinou a liberação de vias em todo o país, bloqueadas por bolsonaristas após as eleições 2022 e a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Leia também

+ PGR pede bloqueio de R$ 40 milhões e denuncia 39 autores de atos golpistas

+ DF planeja aumento do efetivo de batalhão próximo à Praça dos Três Poderes

+ Segunda suspeita de financiar atos golpistas é presa no Rio de Janeiro

Publicidade

Últimas Notícias

Publicidade