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Polícia

Policial que matou marceneiro responderá por homicídio doloso, decide Justiça

Tribunal de Justiça de São Paulo acolheu pedido do Ministério Público para reclassificar o assassinato de jovem de 26 anos em Parelheiros

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Guilherme Souza Dias, que foi morto por PM após sair do trabalho na zona sul de SP | Reprodução
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O policial Fábio Anderson Pereira de Almeida deve responder por homicídio doloso – quando há intenção de matar – após atirar em Guilherme Dias Ferreira, de 26 anos, em Parelheiros, zona sul de São Paulo, na sexta-feira (4). O Tribunal de Justiça de São Paulo acolheu no sábado (12) o pedido do Ministério Público do estado para mudar a classificação do crime. Segundo a Polícia Civil, Almeida, preso em flagrante, responderia por homicídio culposo – quando não há intenção de matar.

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Relembre o caso

O policial Fábio Anderson Pereira de Almeida matou com um tiro na cabeça o marceneiro Guilherme Dias Ferreira, de 26 anos, na noite de sexta-feira (4), em Parelheiros, zona sul de São Paulo. Almeida havia sido vítima de uma tentativa de assalto e teria confundido o marceneiro, que corria para pegar o ônibus após sair da empresa onde trabalhava, com o criminoso.

Segundo o boletim de ocorrência, Fábio alegou que tinha matado uma pessoa em reação à tentativa de roubo de sua moto. Mas a investigação questiona o relato do policial.

+ PM afasta policial que alegou ter matado jovem por engano em São Paulo

Ao chegar ao local para periciar a vítima, a Polícia Científica encontrou na mochila de Guilherme itens como celular, talheres e uma marmita. Logo depois, colegas de trabalho da vítima chegaram ao local e mostraram um circuito da câmera de segurança que mostra o jovem saindo do trabalho sete minutos antes de ser morto, a cerca de 50 metros do ponto de ônibus.

O jovem, que acabara de se casar, também postou uma foto em aplicativo de mensagem com a legenda "mais um dia concluído". Guilherme saiu da condição de suspeito para a de vítima.

O boletim final do caso informa que o PM Fábio Anderson "provavelmente acreditou que se tratava de um dos criminosos que o haviam abordado". De acordo com os investigadores, o policial agiu por erro de "percepção", afastando a hipótese de legítima defesa. A pistola Glock calibre 40 utilizada, pertencente à Polícia Militar, foi apreendida.

Reações das autoridades

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania lamentou o ocorrido e pediu uma apuração rigorosa e transparente do caso.

“Mais uma vez, presenciamos a vida de um jovem negro ser interrompida pela violência. O que torna este caso ainda mais grave é o fato de o assassinato ter sido cometido por um agente de segurança pública, alguém que deveria zelar pela proteção da vida. O MDHC exige uma apuração rigorosa, célere e transparente do caso, com a imediata responsabilização de todos os envolvidos”, diz o texto.

No sábado (12), o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes condenou a violência policial em São Paulo, citando também a execução de um suspeito rendido em ação policial em Paraisópolis.

"A morte de um jovem inocente de 26 anos, voltando do trabalho, em Parelheiros/SP, e o assassinato de outro jovem de 24 anos, em Paraisópolis/SP, em circunstâncias que indicam para uma possível execução, evidenciam, mais uma vez, a necessidade urgente de reflexão sobre o tema da segurança pública em nosso país", afirmou o decano da Corte.

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), citou especificamente o caso de Paraisópolis para dizer que não serão tolerados "desvios" e "irregularidades" por partes dos agentes de segurança pública do estado.

*Com informações da Agência Brasil

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