Governo cobra investigação sobre jovem morto por PM em SP
Guilherme Dias Santos Ferreira, de 26 anos, foi atingido por um disparo na cabeça após agente o confundir com ladrões

Camila Stucaluc
O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania voltou a se manifestar sobre o caso de Guilherme Dias Santos Ferreira, morto por engano pelo policial militar Anderson Pereira de Almeida, em São Paulo. Em nota publicada na quarta-feira (9), a pasta lamentou o ocorrido e pediu uma apuração rigorosa e transparente do caso.
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“Mais uma vez, presenciamos a vida de um jovem negro ser interrompida pela violência. O que torna este caso ainda mais grave é o fato de o assassinato ter sido cometido por um agente de segurança pública, alguém que deveria zelar pela proteção da vida. O MDHC exige uma apuração rigorosa, célere e transparente do caso, com a imediata responsabilização de todos os envolvidos”, diz o texto.
Citando o caso, o ministério reiterou a necessidade de adotar uma formação contínua em direitos humanos pelos órgãos policiais, com a aplicação prática das diretrizes em seus protocolos operacionais. Tal formação, segundo a pasta, deve incluir uma educação antirracista, visando combater o racismo institucional instaurado no país.
“É imperativo que a atuação policial seja pautada pelo respeito inegociável aos direitos humanos, garantindo a segurança de todos, sem jamais colocar em risco a vida de pessoas inocentes. O trágico episódio envolvendo Guilherme é um alerta contundente de que precisamos, urgentemente, repensar as políticas de segurança pública e o papel de nossas forças policiais no combate à violência”, frisou a pasta.
Entenda o caso
Guilherme trabalhava como marceneiro em uma fábrica de camas na zona sul de São Paulo. Ao sair do trabalho na última sexta-feira (4), ele correu para pegar o ônibus, momento em que foi atingido por um tiro na cabeça. O disparo saiu da arma de Anderson de Almeida, que, pouco antes, tinha sido vítima de uma tentativa de assalto. À polícia, ele disse que confundiu a vítima com um dos criminosos.
Ao periciar o local, os agentes encontraram na mochila de Guilherme itens como celular, talheres e uma marmita. Colegas de trabalho apresentaram à polícia imagens de câmeras de segurança provando que o jovem havia saído da fábrica sete minutos antes de ser morto. Além do vídeo, o marceneiro, que acabara de casar, havia postado uma foto no WhatsApp com a legenda “mais um dia concluído”.

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Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo disse que trabalha para esclarecer os fatos. "O caso foi registrado como homicídio e é investigado por meio de inquérito policial instaurado pelo Setor de Homicídio e Proteção à Pessoa (SHPP) de Guarulhos, que realiza diligências visando identificar e localizar os autores, bem como esclarecer os fatos. Demais detalhes serão preservados devido ao sigilo imposto.”