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Polícia

PM afasta policial que matou jovem por engano em São Paulo

Fábio Anderson Pereira de Almeida chegou a ser preso, mas foi liberado após pagar fiança; ele responde por homicídio culposo

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Guilherme Souza Dias, que foi morto por PM após sair do trabalho na Zona Sul de SP | Reprodução
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A Polícia Militar informou, na segunda-feira (7), que afastou o agente Fábio Anderson Pereira de Almeida dos serviços operacionais. A decisão ocorreu depois de o militar matar por engano um jovem de 26 anos que corria para pegar o ônibus após sair do trabalho, em Parelheiros, na zona sul de São Paulo.

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O caso aconteceu na última sexta-feira (4). Guilherme Dias Santos Ferreira foi morto com um tiro na cabeça ao ser confundido com um assaltante por Almeida. O PM foi preso em flagrante, mas liberado após pagar fiança de R$ 6,5 mil. Ele responde por homicídio culposo – quando não há intenção de matar.

Em comunicado, o Ministério da Igualdade Racial “repudiou veementemente” o homicídio e se solidarizou com a família de Guilherme. Para a pasta, “nada justifica uma abordagem com um tiro na cabeça”.

“Guilherme estava carregando uma sacola que continha sua marmita e talheres, além de uma bíblia e itens pessoais. É recorrente que, quando a pessoa é negra, objetos como um guarda-chuva sejam erroneamente identificados como fuzil, ou um celular seja confundido com uma arma, ou que alguém correndo seja considerado uma ameaça, resultando em disparos antes mesmo de qualquer averiguação. Essa associação imediata entre negritude e perigo revela o racismo sistêmico”, disse o ministério.

A pasta, liderada por Anielle Franco, reiterou que oficiou “as autoridades competentes para acompanhar atentamente os desdobramentos” do caso e “cobrar que as medidas cabíveis sejam adotadas”. Disse, ainda, que está à disposição para prestar os auxílios cabíveis nas apurações.

“A missão do Ministério da Igualdade Racial é desenvolver políticas e ações públicas que possam transformar a sociedade em um país justo e digno para todos. Trabalhamos para que a violência sistêmica e histórica deixe de ter como consequência nefasta a perda de outras vidas negras como a de Guilherme. Esperamos que o caso seja tratado com a seriedade que exige”, finalizou a pasta.

Entenda o caso

Guilherme trabalhava como marceneiro em uma fábrica de camas na zona sul de São Paulo. Ao sair do trabalho na última sexta-feira (4), ele correu para pegar o ônibus, momento em que foi atingido por um tiro na cabeça. O disparo saiu da arma de Almeida, que, pouco antes, tinha sido vítima de uma tentativa de assalto. À polícia, ele disse que confundiu a vítima com um dos criminosos.

Ao periciar o local, os agentes encontraram na mochila de Guilherme itens como celular, talheres e uma marmita. Colegas de trabalho apresentaram à polícia imagens de câmeras de segurança provando que o jovem havia saído da fábrica sete minutos antes de ser morto. Além do vídeo, o marceneiro, que acabara de casar, havia postado uma foto no WhatsApp com a legenda “mais um dia concluído”.

Guilherme havia postado uma foto no WhatsApp com a legenda “mais um dia concluído | Reprodução
Guilherme havia postado uma foto no WhatsApp com a legenda “mais um dia concluído | Reprodução

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Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo disse que trabalha para esclarecer os fatos. "O caso foi registrado como homicídio e é investigado por meio de inquérito policial instaurado pelo Setor de Homicídio e Proteção à Pessoa (SHPP) de Guarulhos, que realiza diligências visando identificar e localizar os autores, bem como esclarecer os fatos. Demais detalhes serão preservados devido ao sigilo imposto.”

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