Operação de PF e CGU bloqueia R$ 100 milhões de suspeitos de corrupção na saúde em Salvador
Investigação aponta licitações irregulares e pagamentos indevidos em contratos de TI; força-tarefa Dia Zero cumpriu 25 mandados de busca e apreensão

Felipe Moraes
Um esquema milionário de corrupção suspeito de desviar dinheiro público de origem federal destinado à área de saúde em Salvador é alvo da operação Dia Zero, deflagrada pela Polícia Federal (PF) e pela Controladoria-Geral da União (CGU) nesta quinta-feira (12).
Grupo criminoso teria atuado na prefeitura da capital baiana para fazer contratações irregulares junto a uma organização sem fins lucrativos especializada em serviços de tecnologia da informação (TI) na saúde.
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Com participação de 130 agentes da PF e 18 auditores da CGU, a força-tarefa cumpriu 25 mandados de busca e apreensão nos municípios baianos de Itapetinga, Mata de São João e Salvador e na capital de Alagoas, Maceió.
A 2ª Vara Especializada Criminal da Seção Judiciária da Bahia também mandou bloquear imóveis, R$ 100 milhões de pessoas físicas e jurídicas e afastar agentes públicos de cargos que ocupavam.
Fraudes em contratos de TI
A investigação começou, segundo a PF, a partir da identificação de irregularidades em licitação firmada entre a Secretaria de Saúde de Salvador e uma organização social. Parceria previa prestação de apoio e suporte a atividades técnicas de TI para acesso a serviços de saúde pública.
Esse contrato durou quase uma década, "inclusive com pagamentos realizados sem cobertura contratual". Autoridades descobriram que havia um grupo composto por várias entidades sem fins lucrativos e empresas privadas com contratos vinculados a "inúmeras prefeituras baianas", conforme detalha a CGU.
A entidade contratada pelo município de Salvador para serviços de TI em saúde chamou a atenção "em função do elevado faturamento nos últimos anos". No aprofundamento da apuração, PF e CGU constataram irregularidades no pregão realizado pela Secretaria de Saúde da capital baiana que deu a origem a esse contrato fraudulento.
Autoridades ainda identificaram que a entidade em questão simulava pagamentos para transferir recursos a empresas privadas, "cujos proprietários eram os agentes públicos envolvidos nas fraudes e funcionários da própria entidade". "Com o intuito de camuflar o desvio de recursos públicos e os seus reais beneficiários", apontou a CGU.