Morte de delator do PCC: SSP oferece R$ 50 mil por informações sobre envolvido no crime
Kauê do Amaral Coelho, de 29 anos, foi identificado com um dos autores do homicídio a partir de imagens de câmeras de segurança
A Secretaria de Segurança Pública (SSP) de São Paulo anunciou, nesta terça-feira (19), uma recompensa de R$ 50 mil para quem tiver informações sobre o primeiro suspeito identificado como envolvido no assassinato do empresário Antônio Vinicius Lopes Gritzbach, delator do PCC, ocorrido no aeroporto de Guarulhos, em São Paulo. Kauê do Amaral Coelho, de 29 anos, teve a prisão temporária decretada pela Justiça na sexta-feira (15) e é considerado foragido.
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De acordo com o secretário Guilherme Derrite, Kauê foi identificado com um dos autores do homicídio a partir de imagens de câmeras de segurança do saguão do Terminal 2 do aeroporto. As cenas, segundo a pasta, comprovam detalhes da participação dele no assassinato.
"O suspeito, que foi preso em 2022 por tráfico de drogas, ficou circulando pelo saguão do aeroporto. Assim que viu a vítima seguindo em direção ao desembarque, sinalizou aos atiradores que aguardavam na área de externa em um carro", informou a SSP.
Ainda segundo Derrite, Kauê seria membro do Primeiro Comando da Capital (PCC). Ele teria ameaçado um guarda de trânsito, dizendo que fazia parte da facção criminosa, durante uma abordagem – há um boletim de ocorrência de desacato registrado contra o suspeito com essa informação.
Equipes do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) realizaram hoje uma operação para tentar prender Kauê. Policiais fizeram buscas em endereços relacionados ao suspeito, a maioria na zona norte de São Paulo, mas ele não foi encontrado e é considerado foragido.
As informações sobre a recompensa e o mandado de prisão foram divulgadas durante coletiva de imprensa, nesta sexta:
O assassinato
As investigações iniciais apontam para uma possível ordem do PCC para matar o empresário. Em dezembro de 2021, Gritzbach ordenou a morte de Anselmo Santa Fausta e do motorista Antônio Corona Neto, o "Sem Sangue", em uma emboscada no Tatuapé, na zona leste de São Paulo.
O crime teria acontecido depois do traficante do PCC ter entregue R$ 40 milhões ao empresário para que fossem investidos em criptomoedas. Após o investimento não dar certo e Anselmo perder o dinheiro, o líder do PCC fez diversas ameaças a Gritzbach. Em resposta, ele teria encomendado a morte do traficante com um pistoleiro, identificado como Noé Alves.
Cerca de 20 dias depois dos assassinatos, o responsável pelas mortes de "Cara Preta" e "Sem Sangue" foi executado pelo PCC. A facção deixou um bilhete ao lado do corpo de Noé – que foi esquartejado e teve a cabeça jogada no local da morte dos traficantes.
Após o crime, Antônio Vinicius Gritzbach foi preso diversas vezes, até ser solto definitivamente em 7 de junho de 2023, quando ganhou liberdade condicional. Em junho deste ano, Gritzbach – que atuava como lavador de dinheiro da facção – fez um acordo de delação premiada com a Justiça em troca de redução de pena e revelou esquemas de lavagem de dinheiro do PCC.
Policiais afastados
Policiais civis denunciados por corrupção na delação de Gritzbach foram afastados do trabalho operacional, na última quarta-feira (13), pela força-tarefa que investiga a execução. A informação foi confirmada pela Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP-SP), que afirmou, em nota, que os agentes "foram afastados das atividades operacionais para funções administrativas".
Além disso, oito policiais militares que faziam a segurança de Gritzbach no dia de sua execução foram afastados enquanto a força-tarefa prossegue nas investigações.