Lewandowski nega pacto entre facções criminosas no Brasil
Relatório vazado sugeriu trégua entre PCC e Comando Vermelho, mas ministro descarta acordo
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Paola Cuenca
Eliete Albuquerque
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, negou a existência de um acordo entre as duas maiores facções criminosas do Brasil. A declaração veio após o vazamento de um relatório de inteligência da Secretaria Nacional de Políticas Penais, que apontava indícios de uma trégua entre chefes do Primeiro Comando da Capital (PCC) e do Comando Vermelho para reivindicar tratamento menos rígido nos presídios federais.
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A suposta aliança, que poderia ter impacto dentro e fora das penitenciárias, foi descartada pelo ministro. De acordo com o documento vazado, Marcos Herbas Camacho, o Marcola, líder do PCC, e Marcinho VP, um dos principais nomes do Comando Vermelho, estariam coordenando ações conjuntas, incluindo um pacto de não agressão.
Lewandowski, no entanto, afirmou que o único conluio identificado foi entre advogados das facções, que tentavam formar uma frente comum no Judiciário para flexibilizar as condições carcerárias.
"Podem ter uma comunicação esporádica, mas não há comunicação sistemática. A nossa inteligência prisional, que é muito sofisticada, não detectou nenhum acordo entre as facções criminosas", enfatizou o ministro.
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O vazamento do relatório trouxe à tona a tentativa de advogados de modificar as regras de isolamento impostas aos chefes do crime organizado nos presídios de segurança máxima do país. Além disso, Lewandowski criticou o encarceramento em massa e a atuação das forças policiais.
"Muitas vezes, os policiais dizem: 'A polícia prende e o Judiciário solta'. Mas eu, que fui juiz por mais de 30 anos, digo: a polícia prende mal, prende sem provas", afirmou o ministro, cobrando maior preparo na apresentação de flagrantes.
Lewandowski anunciou que pretende enviar ao governo um projeto para endurecer a punição ao crime de receptação. "Precisamos aumentar as penas para os receptadores. O roubo de carga atrapalha a economia e o roubo de celular apavora o cidadão comum", concluiu.