Investigações mostram que dinheiro obtido pelo PCC na cracolândia foi mandado para paraísos fiscais
Operação da polícia de São Paulo bloqueou até R$ 155 milhões da maior facção criminosa do país
Uma operação da polícia de São Paulo bloqueou até R$ 155 milhões da maior facção criminosa do país, o Primeiro Comando da Capital (PCC). As investigações mostram que o dinheiro do tráfico de drogas na cracolândia foi mandado para paraísos fiscais.
A mais nova operação contra o tráfico de drogas, que abastece a cracolândia, apontou um sofisticado esquema de lavagem de dinheiro. Policiais civis fizeram buscas em 41 endereços, em São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
De acordo com o Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico (Denarc), o lucro da venda de drogas circulava em pelo menos 31 contas bancárias. A maioria é de empresas fantasmas ligadas a hotéis e hospedarias do centro da cidade, mantidos pelo PCC.
"Essas empresas fantasmas se associam entre elas mesmas, fazem o dinheiro circular em contas delas mesmas em sucessivas transferências de uma para outra. Isso faz com que as autoridades policiais tenham dificuldades em identificar a origem desses recursos e ainda faz com que essas empresas tenham uma aparência de robustez financeira, quando elas de fato não lucram através da atividade comercial", afirma o delegado Fernando Góes Santiago.
A pedido da polícia, a Justiça determinou o bloqueio de até R$ 5 milhões em cada uma das 31 contas. Com a medida, podem ser bloqueados até R$ 155 milhões. Os policiais apreenderam computadores e celulares.
As investigações revelaram também que o dinheiro arrecadado na cracolândia de São Paulo foi mandado para paraísos fiscais. Com a ajuda de doleiros, que já foram alvos de outras operações, o PCC fez remessas de dinheiro para o Uruguai e para as Ilhas Virgens Britânicas.
"Os paraísos fiscais são conhecidos justamente por blindarem os seus correntistas. Isso não é o fim porque a polícia irá buscar parte desses recursos, mas haverá uma dificuldade muito maior", diz o delegado.
Um dos alvos desta operação é Jean Ricardo Galian, integrante do PCC, conhecido como Jean Gordo. Ele foi preso e cumpriu pena pelo assalto ao Banco Central de Fortaleza, em 2005, quando foram furtados R$ 164 milhões.
Ainda segundo o Denarc, empresas envolvidas na fraude são controladas pelos donos do extinto Banco Neman. Uma empresa de cobrança que, segundo a Polícia Federal, foi usada pra lavar mais de R$ 700 milhões para o crime organizado.