Homem suspeito de matar ex-mulher em acidente de carro desativou airbag e mirou em árvore
Aldo Fabiano Angelotti, de 42 anos, queria receber R$ 1 milhão do seguro de vida feito por Maria Cláudia menos de um mês antes de colisão
Emanuelle Menezes
Um homem foi preso nesta quinta-feira (5), em Uberlândia (MG), no Triângulo Mineiro, por suspeita de armar um acidente de carro que causou a morte de sua ex-esposa, Maria Cláudia Santos Freitas, de 44 anos. A batida, segundo a investigação da Polícia Civil, foi premeditada: Aldo Fabiano Angelotti, de 42 anos, teria desativado o airbag da passageira e até escolhido a árvore ideal para a colisão.
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Segundo as investigações da Delegacia de Homicídios, o suspeito queria receber a apólice de três seguros de vida feitos por Maria Cláudia menos de um mês antes, que somavam aproximadamente R$ 1 milhão. O crime teria sido premeditado desde o início de 2024, quando Aldo e a mulher reataram o relacionamento após uma separação.
O acidente aconteceu no dia 30 de agosto. O veículo, alugado pela vítima, bateu em uma árvore no bairro Laranjeiras. Aldo dirigia o carro e teve apenas ferimentos leves, pois usava o cinto de segurança e o airbag do seu lado foi acionado. Maria Cláudia, que estava no banco do passageiro, morreu no local com um trauma torácico.
"A Polícia não tem dúvidas de que não se trata de um mero acidente. A Polícia tem certeza de que foi um crime de feminicídio que ocorreu. O indivíduo ceifou a vida da vítima para obter vantagem financeira", afirmou o delegado Eduardo Leal.
De acordo com o perito criminal João Paulo Teixeira, a desativação do airbag foi determinante para a morte da mulher. A equipe de perícia constatou, no dia do acidente, que o equipamento de proteção não abriu após a batida e, por três meses, avaliou o que poderia ter acontecido.
"Ao chegar no local, o que chamou atenção foi que só o airbag do condutor havia sido deflagrado. Analisando o veículo, vimos que há um dispositivo na parte interna, entre o painel e a porta, que ativa e desativa o funcionamento do airbag. A dúvida recaiu sobre o fato do condutor saber ou não desta informação, de que o airbag estava desativado", disse Teixeira.
Os peritos analisaram, então, um veículo da mesma marca, do mesmo modelo e fabricado no mesmo ano. Eles acabaram descobrindo que era impossível que o suspeito não percebesse que o dispositivo estava desativado.
"Fomos até uma concessionária ver um veículo equivalente. Uma vez desativado o dispositivo, fica claramente, aos olhos do condutor, o aviso de que estava desativado. A hipótese de que ele não sabia, se extinguiu neste momento", afirmou ele.
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A perícia constatou ainda que as condições do acidente não condiziam com as afirmações de Aldo. Na época, ele disse aos policiais que perdeu o controle do veículo ao ser atrapalhado pela luz do sol. De acordo com a Delegacia de Homicídios, além do sol não estar a pino no momento do acidente, não havia marcas de frenagem no asfalto.
A investigação também constatou que a árvore atingida pelo carro, dirigido acima da velocidade permitida na via, era a única que podia causar tantos ferimentos. "Existia uma árvore com porte mais robusto no meio da via, ele escolheu ela, em específico, e mudou repentinamente a direção para colidir com a árvore", explicou o delegado Carlos Fernandes.