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Polícia

Exclusivo: SBT tem acesso às imagens de câmeras corporais de PMs de SP acusados de estupro

Vítima denunciou violência sexual no carnaval; circuito de segurança flagrou momento em que ela tenta pedir ajuda e é arrastada à força de volta para viatura

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As imagens da câmera corporal usada pelos PMs acusados de estuprar uma jovem de 20 anos, durante o carnaval de São Paulo, mostram o passo a passo de como tudo aconteceu. O SBT teve acesso ao histórico de imagens com exclusividade.

O caso teve início às 20h17 do dia 2 de março, domingo de carnaval, próximo a uma parada de ônibus em Diadema, na Grande São Paulo. A jovem, que estava alcoolizada após participar de um bloquinho, pediu ajuda ao cabo James Santana Gomes e ao soldado Leo Felipe Aquino da Silva. Moradora da zona leste da capital paulista, ela queria chamar um carro de aplicativo, mas o celular estava sem bateria.

Imagens da câmera corporal do cabo mostram a jovem entrando no banco de trás da viatura. A mesma câmera gravou, na sequência, o soldado dirigindo com um copo na mão contendo um líquido amarelo. Segundo relato da jovem, os policiais fardados consumiam bebida alcoólica.

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Os PMs colocaram o celular da mulher para carregar no painel da viatura. Dois minutos depois, o aparelho foi devolvido a ela. Ainda nas imagens, o copo de bebida reaparece na mão do policial.

A viatura foi então até o Terminal Metropolitano Piraporinha, também em Diadema. A jovem e os policiais desceram do veículo. O cabo pegou a bolsa dela do banco de trás e colocou no banco da frente. Do lado de fora, a mulher chegou a fumar com os policiais. Após 19 minutos, todos voltaram para a viatura, que saiu do terminal e estacionou do lado de fora. O cabo desceu, conversou com a jovem e retornou ao veículo. Às 22h11, os PMs seguiram pela Rodovia Anchieta, sentido capital paulista.

Câmera Retirada

A vítima ficou sob o poder dos policiais por mais de duas horas. A maior parte do tempo permaneceu no banco traseiro, com os dois policiais na frente. Mas a investigação aponta que o cabo retirou ou desligou a câmera corporal durante 27 minutos.

Um dos registros mostra o momento em que o policial retira a câmera e a coloca no banco da viatura e a imagem fica preta. Durante esse tempo, a vítima conseguiu enviar uma mensagem de vídeo para a mãe, denunciando a violência sexual. A jovem faz uso de medicamentos psiquiátricos controlados. A mistura com álcool provocou apagões de memória.

Câmera de segurança

Pouco antes das 22h30, os PMs entraram na contramão de uma rua residencial em São Bernardo do Campo e estacionaram. Câmeras de segurança da rua gravaram tudo. O cabo e a jovem desceram e caminharam até debaixo de uma árvore. Em determinado momento, a mulher segue em direção a uma casa para pedir ajuda.

O soldado, então, desceu da viatura e a arrastou de volta, à força. Moradores testemunharam quando a jovem tentou pedir socorro. Mas os militares alegaram que se tratava de uma simples ocorrência policial.

Uma testemunha já ouvida pela investigação relatou que ouviu a jovem gritando que queria seu celular de volta. Depois disso, os policiais voltaram à Rodovia Anchieta. Novamente, a câmera corporal foi retirada por mais oito minutos. Quando o equipamento foi recolocado, a jovem já havia sido deixada no acostamento da rodovia.

A bolsa e o celular dela continuaram com os policiais — até mesmo uma tiara usada no carnaval com orelhas de coelho foi levada.

As imagens mostram o cabo entregando a bolsa para o soldado. Com a viatura em movimento, o policial arremessa a bolsa da jovem no Rio Tamanduateí, na Avenida do Estado, já na capital paulista. Neste momento, o celular da vítima perdeu o sinal. Os PMs retornaram para a sede do batalhão em Diadema como se nada tivesse acontecido. Enquanto isso, a jovem procurava ajuda, desesperada, descalça, sem a bolsa e o celular, em uma delegacia de polícia perto dali.

Os PMs estão presos no Presídio Militar Romão Gomes. Ambos negam a violência sexual e o roubo da bolsa e do celular da jovem.

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O outro lado

O advogado dos militares, Fábio Tomaz, informou por meio de nota que a "versão dos policiais será colhida no momento processual oportuno por estratégia jurídica" já que "todo o teor da investigação é sigiloso e seu conteúdo, ainda que favorável aos policiais, se divulgado de forma inoportuna pode trazer prejuízo à defesa".

A nota diz ainda que que a defesa irá se manifestar, se necessário for, ao final das investigações, reforçando o compromisso com a justiça e com as autoridades para elucidação dos fatos.

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