Polícia descobre plano de criminosos para forjar morte de líder de facção no RS
Investigação que chegou a atestado de óbito falso começou após golpe financeiro em familiar de paciente

Guilherme Rockett
Agentes da 3ª Delegacia de Polícia de Canoas cumpriram nove mandados de busca e apreensão nas cidades de Alvorada, Porto Alegre e Arroio dos Ratos nesta segunda-feira (14). A operação é a segunda fase da investigação de um esquema de estelionato em hospitais e falsificação de documentos, com possível ligação ao crime organizado.
+ Gilmar Mendes suspende processos sobre 'pejotização'
Coordenada pela delegada Luciane Bertoletti, a operação coletou provas contra um grupo que aplicava golpes financeiros em familiares de pacientes internados. Durante a investigação, iniciada em agosto de 2024, a polícia descobriu um plano ainda mais grave: a tentativa de forjar a morte de um criminoso com longa ficha criminal para escapar da justiça.
"Impedimos que um líder de organização criminosa fosse considerado morto no dia em que receberia liberdade. O plano era assumir uma nova identidade após falsificar o óbito", afirmou o delegado regional Cristiano Reschke. A fraude foi frustrada dias antes da audiência, quando uma nova prisão preventiva foi decretada contra o detento.

A investigação começou após o relato de uma vítima que teve aproximadamente R$ 60 mil desviados por uma mulher que se passava por auxiliar de enfermagem em um hospital de Canoas. A criminosa conquistou a confiança da vítima cuja mãe estava internada em estado grave, e se ofereceu para ajudar a obter um suposto benefício do governo federal.
Com acesso ao cartão bancário e dados pessoais, a golpista esvaziou a conta da vítima, aumentou seu limite de crédito e contratou empréstimos em seu nome. O dinheiro foi transferido para contas ligadas ao grupo criminoso.
+ Criança de três anos é morta em ataque a tiros no Distrito Federal; mulher também morreu
Durante buscas na casa da principal suspeita, a polícia encontrou carimbos médicos, receituários e documentos que simulavam funções de direção hospitalar. Entre os materiais, uma ficha de investigação de óbito chamou a atenção. O documento falsificado atribuía a causa da morte a "falência múltipla de órgãos" e mencionava um preso com histórico de homicídios e tráfico de drogas. A médica cujo nome constava no atestado negou ter assinado o documento e afirmou nunca ter trabalhado no hospital citado.
A mulher foi presa em flagrante em agosto, e as investigações continuam. O principal suspeito de ter recebido parte do dinheiro foi detido na última quinta-feira em uma ação paralela, por envolvimento com agiotagem.