Exclusivo: Corregedoria da PM indicia 15 policiais suspeitos de envolvimento com PCC no caso Gritzbach
SBT teve acesso ao relatório final do órgão da Polícia Militar; parte dos PMs investigados atuava na Rota, tropa de elite de São Paulo

Robinson Cerantula
Fabio Diamante
O relatório final da Corregedoria da PM de São Paulo, entregue à Justiça Militar na noite de quarta-feira (5), aponta que 25 policiais militares foram investigados por envolvimento com a facção Primeiro Comando da Capital, o PCC.
Destes, 15 foram indiciados – 11 por organização criminosa, 3 por prática de violência (na execução de Gritzbach) e 1 por prevaricação e falsidade ideológica. Parte dos PMs que se aliaram ao crime organizado são ou fizeram parte da Rota, batalhão considerado de elite da Polícia Militar paulista.
A apuração da PM – a que o SBT teve acesso com exclusividade – foi iniciada por causa da suspeita de que PMs passavam informações sigilosas sobre investigações para traficantes do PCC. Os policiais que passaram para o lado do crime se dividiam em três núcleos. Um deles foi responsável por executar o empresário Antônio Vinícius Gritzbach, em novembro do ano passado, no Aeroporto Internacional de São Paulo, em Guarulhos. A morte dele foi decretada por traficantes da facção criminosa.
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O empresário lavava dinheiro de criminosos e foi acusado de mandar matar o traficante Anselmo Santa Fausta, em dezembro de 2021, na zona leste da capital paulista. Dizendo-se inocente, Antônio Vinícius fez uma delação com promotores de Justiça e entregou negócios de traficantes e uma lista de policiais civis corruptos.

O relatório final, assinado pelo coronel Fábio Sérgio do Amaral, atesta: "Foi possível coletar indícios de convivência de policiais militares com criminosos faccionados, assim como a constatação de patrimônio incompatível com a renda de alguns dos envolvidos."
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Segundo o relatório, de mais de mil páginas, três tenentes, quatro cabos e oito soldados cometeram crimes militares de organização criminosa, prática de violência, falsidade ideológica e prevaricação. No relatório, a PM pede que eles tenham as prisões preventivas mantidas durante o processo criminal.
O relatório aponta "transgressões disciplinares de natureza grave" desse grupo de oficiais. A investigação será entregue ao Ministério Público, que vai decidir se denuncia os PMs à Justiça, arquiva o caso ou se determina mais diligências.
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Apenas um tenente deve ser responder em libertado por uma participação menor no caso. A Corregedoria pediu ainda a libertação de um cabo e um soldado que estão presos, mas foram considerados inocentes ao final da investigação.
Além das condenações por crimes cometidos, os policiais responderão ainda a um processo administrativo que pode levar à expulsão. O envolvimento de policiais da Rota com o PCC foi o estopim de uma das maiores crises na Segurança Pública de São Paulo.
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