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Ex-produtor do BBB pede que STF tranque ação por importunação sexual a candidata

Mulher gravou vídeo em que diz ter sido silenciada após a denúncia e defende a criação de uma CPI contra milícia digital de "esquerda"; defesa do réu levou caso ao ministro Moraes, que conduz inquérito das milícias digitais

Ex-produtor do BBB pede que STF tranque ação por importunação sexual a candidata
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Um ex-chefe de produção da TV Globo recorreu ao Supremo Tribunal Federal (STF) para que o processo em que é réu por importunação sexual a uma candidata ao Big Brother Brasil seja levado para Brasília. Em pedido ao ministro Alexandre de Moraes, a defesa de Wladmir Santos e Souza aponta conexão entre o caso aberto no Tribunal de Justiça de Minas Gerais e os inquéritos das milícias digitais e das fake news, ambos sob relatoria do ministro – e que envolvem o clã Bolsonaro.

+Exclusivo: ex-produtor do BBB vira réu por importunação sexual a candidata do reality

Wlad – como era chamado na equipe do BBB – foi acusado de assédio em maio de 2021 por Aline Vargas, de 35 anos, e virou réu na Justiça por importunação sexual em setembro de 2023, como revelou reportagem exclusiva do SBT News.

A vítima procurou a Polícia Civil, em Belo Horizonte, após contato com o réu e outros integrantes da equipe do BBB 22. Declarou ter sido vítima de assédio na pré-seleção. O crime teria ocorrido em contatos diretos feitos por ela com então produtor do programa – que está em sua 24ª edição. Ela apresentou conversas em que ele pede "nude" e "fotos sex" (sic) durante a seleção.

A defesa alegou que o agora réu por importunação sexual é vítima de milícias digitais de "direita" e de uma suposta fábrica de fake news. Os processos contra o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e aliados, conduzidos por Moraes no STF, têm chegado à etapa final e acuado bolsonaristas.

O pedido da defesa do réu foi anexado na segunda-feira (5) ao inquérito das milícias digitais (4784). O documento afirma que o caso demonstra que as redes de fakes news alvos de investigações ainda estariam ativas.

Por que defesa liga caso a milícias digitais

A prova, segundo ele, seria o vídeo postado pela vítima, Aline Vargas, no início de janeiro. Nas redes sociais, ela afirma ter sido alvo de ações de silenciamento, após acusar o ex-produtor do BBB. O programa é produzido pela TV Globo, um dos alvos de críticas de bolsonaristas nas redes.

Em entrevista ao SBT News, Aline Vargas confirma ser politicamente alinhada à direita, mas nega qualquer relação entre seu processo contra o ex-produtor do BBB, o vídeo recém-gravado e os casos alvos do STF.

Segundo Aline, o vídeo divulgado nas redes bolsonaristas foi gravado a pedido, segundo ela, "para a CPI."

"Meu nome é Aline Vargas, fui vitima de importunação sexual do BBB 22, denunciei e perdi a vaga que me prometeram no programa", diz Aline para a câmera. Ela conta que o acusado virou réu na Justiça e que foi vítima de perseguição e cancelamentos, depois da acusação. "Descobri todo o esquema da Mynd depois que fui silenciada, ignorada, por todos do exército da milícia digital."

"Nossa vida se tornou um inferno depois que resolvi falar, antes disso eu já havia perdido um contrato, com uma gravadora, por não aceitar fazer parte desse cartel. Temos muitas coisas que não dá para falar em pouco tempo. Espero ter a oportunidade de falar tudo isso e mais um pouco na CPI da Verdadeira Milícia Digital. Em breve você verá todo esse esquema desmoronar", afirma Aline Vargas, no vídeo.

A Mynd8 é uma empresa de impulsionamento digital em redes sociais que presta serviços para artistas e empresas. Ela administrava a página "Choquei", que publicou mensagens atribuídas a Jéssica Vitória Canedo, de 22 anos. A jovem se suicidou após a divulgação. Após o caso, a Mynd8 virou alvo dos ataques bolsonaristas, como suposta aliada da esquerda.

Em entrevista ao SBT News, ela disse que em 2021 procurou a Mynd8, mas foi ignorada e, segundo ela, "silenciada".

O vídeo de janeiro de Aline Vargas foi compartilhado pelo deputado federal Gustavo Gayer (PL-GO), autor do pedido da "CPI da Verdadeira Milícia Digital". O alvo é uma suposta articulação de esquerda para afetar figuras ligadas ao espectro político da direita. Para que a comissão seja aberta, o pedido precisa de assinaturas de outros parlamentares e também entrar na fila de pedidos de CPI.

A Mynd8 é uma das empresas alvos da proposta de CPI. Membros da oposição falam em pedir quebra de sigilo da empresa e a convocação de seus donos. Procurada pelo SBT News, a empresa ainda não se manifestou. Em janeiro, quando vídeo de Aline foi para as redes, a Mynd8 negou em nota ter agido de forma indevida e afirmou ter sido vítima de fake news.

No Congresso, a base bolsonarista se movimenta para impulsionar a nova CPI, como uma resposta ao cerco sofrido pelo clã Bolsonaro e aliados nas últimas semanas.

Processo penal

Wladmir virou réu em processo aberto no final de setembro de 2023 no Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Ele foi notificado em meados de dezembro, por um oficial de Justiça, no Rio de Janeiro, onde reside. Com a intimação, a ação penal começou a tramitar.

No pedido, a defesa do réu questiona a regularidade do procedimento adotado pelo juiz José Xavier Magalhães Brandão, da 11ª Vara Criminal de Belo Horizonte, ao aceitar a denúncia criminal do Ministério Público e abrir a ação penal. O réu não chegou a ser ouvido, apesar das tentativas de intimá-lo no Rio.

A defesa diz que vai buscar anular o processo, citando "ilegalidades de provas", mas recorreu ao Supremo após a divulgação do vídeo de Aline nas redes sociais.

Procurado por intermédio de seus advogados, Wladmir Santos não se manifestou. A defesa informou que apresentará seus argumentos. Se condenado, Wladmir pode ter pena de até oito anos de prisão – máximo estabelecido para o crime.

Ele ainda será ouvido no processo em Minas, assim como os demais envolvidos. Moraes ainda não analisou o pedido.

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