Dono de clínica compara rosto deformado de mulher com peixe após procedimento com PMMA
Caso aconteceu na cidade de Cascavel (PR); clínica nega imprudência ou negligência por parte dos profissionais envolvidos
SBT News
A administradora de empresas Raquel Demichei procurou com exclusividade à Rede Massa, afiliada do SBT no Paraná, para expor uma situação vivida após um procedimento estético, com PMMA, que deformou seu rosto. O caso aconteceu na cidade de Cascavel (PR) em junho de 2023, mas somente agora, ela decidiu falar. De acordo com Raquel, após relatar o inchaço ao farmacêutico Tiago Tomaz da Rosa, um dos donos da clínica Revive, onde a aplicação acontece, ele minimizou a gravidade da situação ao comparar sua reação adversa a um baiacu, animal conhecido por inchar o corpo.
“Tem que focar no resultado [..] ele arregaça a cara, estoura. Fica parecendo um baiacu para depois ficar bom”, afirmou o farmacêutico aos risos, em áudio obtido com exclusividade pelo SBT.
Apesar do farmacêutico falar em melhora na condição de Raquel, ela continuou com as sequelas do procedimento no rosto. As denúncias feitas por ela e por outras pessoas sobre a clínica levaram a Polícia Civil a abrir uma investigação por exercício ilegal da profissão e lesão corporal de natureza grave. O caso foi encaminhado ao Ministério Público do Paraná e aos Conselhos Regionais de Farmácia e Medicina.
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Em uma fiscalização conjunta realizada em setembro de 2024, os conselhos identificaram a suspeita do uso do PMMA, que é restrito a profissionais médicos. O Conselho Regional de Medicina do Paraná informou, em nota, que, caso a irregularidade seja confirmada, serão aplicadas as sanções previstas pela legislação.
A clínica Revive nega qualquer imprudência ou negligência por parte dos profissionais envolvidos. Segundo a defesa da clínica, Raquel teria assinado um termo de consentimento antes do procedimento, e as afirmações sobre a aplicação do PMMA seriam "caluniosas, difamatórias e injuriosas". A clínica ainda afirmou que o profissional que a atendeu possui formação adequada e vasta experiência.
Entenda o caso
Raquel Demichei procurou a clínica Revive para realizar o procedimento estético conhecido como Sculptra, que estimula a produção de colágeno e rejuvenesce o rosto. No entanto, efeitos adversos graves deformaram seu rosto de forma irreversível.
Em vídeos e fotos, Raquel registrou o inchaço e a vermelhidão intensos que começaram a surgir logo após a aplicação. Em um relato emocionado, ela compartilhou que ligou desesperada para o marido, com muita dor, no momento em que percebeu a gravidade da reação adversa.
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Mesmo com o quadro de deformação, a clínica Revive continuou tratando Raquel com outros procedimentos, como o uso de diuréticos e ozônio, mas sem sucesso. Sem melhora, ela procurou outro médico e decidiu fazer uma investigação particular. A biópsia revelou que, em vez de Sculptra, a substância aplicada foi PMMA (polimetilmetacrilato), uma substância sintética com alto risco de complicações e que não é indicada para uso estético.
“o medo é que isso possa me causar uma inflamação nos nervos, uma necrose... uma coisa muito grave. Eu estou sendo muito bem tratada, mas a gente sabe que o PMMA é uma bomba-relógio”, relata a administradora de empresas.
O farmacêutico Trajano Xavier da Silva, professor do curso de Farmácia da Uninter, explicou por que o PMMA não é adequado: "esse produto causa vários danos à pele da pessoa, como processos alérgicos e inflamatórios, além de se espalhar. Ele não fica concentrado em um único local, o que o torna inadequado para esse tipo de procedimento”, afirma o professor.