Polícia

Desafios de 2026: segurança pública e violência expõem crise no Rio de Janeiro

Série do SBT Brasil mostra avanço do crime organizado, falhas no modelo atual e os desafios para mudar esse cenário

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Na reportagem de hoje da série Desafios de 2026, o SBT Brasil aborda um dos principais temas de preocupação dos brasileiros: a segurança pública. A violência tomou conta de regiões inteiras, como no Rio de Janeiro, onde cerca de 4 milhões de pessoas vivem sob controle ou influência de facções criminosas e milícias. Especialistas e agentes da área apontam os desafios e os caminhos possíveis para mudar esse cenário.

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Nas áreas dominadas por grupos armados, o som da violência é constante. Disputas entre tráfico e milícia atravessam a rotina de milhares de moradores e paralisam o comércio, as escolas, a saúde e o transporte. Relatos de moradores mostram o medo diário diante de tiroteios e bloqueios de vias expressas.

Para Fernando Guimarães, a violência tem rosto e nome. Ele perdeu o filho, Herus Guimarães, de 24 anos, morto por um policial militar durante uma festa junina, na comunidade de Santo Amaro. O pai cobra punição aos responsáveis e critica a demora nos processos judiciais envolvendo agentes de segurança.

Na megaoperação realizada nos complexos da Penha e do Alemão, considerada a mais letal da história do país, outro episódio expôs falhas graves. Cinco agentes do Batalhão de Choque foram presos, suspeitos de furtar peças de veículos de moradores e dois fuzis durante a ação.

Armas de uso exclusivo das forças de segurança estão entre os maiores problemas do Rio de Janeiro. Investigações apontam que esses armamentos chegam às mãos de criminosos por meio de desvios, furtos e encomendas vindas de outros países. As rotas são conhecidas, mas interromper esse comércio exige integração entre órgãos municipais, estaduais e federais.

Nesse contexto, a Polícia Rodoviária Federal tem papel importante no monitoramento de estradas e rodovias. Segundo o chefe de comunicação da PRF, José Hélio, a integração entre as forças é fundamental para coibir a entrada de armas e drogas no estado e reduzir os riscos à população, já que o uso de armas longas amplia o potencial de vítimas em áreas urbanas.

As operações contam, quase sempre, com recursos especiais, como veículos blindados e aeronaves. Um helicóptero da PRF, com capacidade para oito pessoas, é utilizado em missões que incluem voos rasantes em comunidades dominadas pelo crime organizado. Em uma das ações acompanhadas pela reportagem, equipes foram acionadas para localizar um veículo com suspeita de roubo na região metropolitana do Rio. Após a abordagem, o motorista foi liberado ao comprovar a procedência do carro.

Nem sempre, porém, a rotina é tranquila. Imagens mostram tiros disparados contra o mesmo helicóptero em outra operação. Segundo o piloto da PRF, Eduardo Franco, a atuação aérea fez diferença em ocorrências envolvendo caminhão roubado e motorista mantido refém, permitindo uma resposta mais rápida e segura.

Hoje, cerca de 4 milhões de pessoas vivem sob controle ou influência de facções e milícias em toda a região metropolitana do Rio de Janeiro. Aproximadamente 18% do território já está dominado por esses grupos armados. O avanço do crime organizado reacende o debate sobre os rumos da segurança pública no estado e no país.

No Congresso Nacional, tramitam projetos voltados ao tema, como a PEC da Segurança, que pretende criar mecanismos de integração das forças de segurança, e o projeto de lei antifacção, que propõe o aumento das penas para integrantes de organizações criminosas. A discussão é se leis mais duras são suficientes para enfrentar o problema.

No Rio, o governo afirma ter ampliado operações e investido em tecnologia, como drones, centros de inteligência e a retirada de barricadas. Somente neste ano, mais de 300 toneladas de obstáculos foram removidas. Especialistas, no entanto, alertam que ações pontuais não substituem um planejamento de longo prazo.

O combate ao crime passa por inteligência, controle de armas, enfrentamento ao fluxo de dinheiro das facções, investimento social e presença permanente do Estado, não apenas policial. Modelos baseados no confronto direto, usados há décadas, não têm conseguido frear o avanço dos grupos criminosos.

A antropóloga e professora da UFF, Carolina Grillo, afirma que o aumento da letalidade policial e o endurecimento das penas não trazem inovação no combate ao crime organizado. Segundo ela, o crescimento da população carcerária acaba fortalecendo a influência dessas facções dentro dos presídios. Para a especialista, é necessário avançar em outras frentes, como o fortalecimento do controle da atividade policial e a criação de corregedorias externas, para evitar a obstrução de investigações por grupos corruptos dentro das instituições.

Essa necessidade de transformação institucional se reflete nas ruas, onde cada operação carrega o desafio de agir com eficiência e legalidade. Para os agentes, o sucesso está em salvar vidas, preservar o patrimônio e prender os envolvidos, sem mortes, sejam de policiais ou de suspeitos.

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