Exclusivo: PMs acusados de estupro se recusaram a realizar exame de embriaguez
Imagens das câmeras corporais dos policiais militares mostram copos com bebida dentro da viatura
Fabio Diamante
Robinson Cerantula
Os dois policiais militares suspeitos de estuprar uma jovem dentro da viatura em Diadema, na Grande São Paulo, se recusaram a realizar exame de embriaguez. Imagens das câmeras corporais dos PMs mostram copos com bebida dentro do veículo.
Os vídeos, gravados pela câmera corporal do cabo James Santana Gomes, mostram o colega de farda dele, soldado Leo Felipe Aquino, bebendo um líquido amarelado enquanto dirige a viatura da polícia militar.
Quando foram presos pela Corregedoria da PM, os policiais ficaram em silêncio durante os depoimentos. Eles também se recusaram a fazer um exame pra constatar se tinham ou não ingerido bebida alcoólica.
O exame, uma verificação de embriaguez, foi feito por dois médicos. A análise clínica, que é visual, não encontrou sinais. O exame de sangue, que seria capaz de confirmar ou até desmentir a vítima, não foi feito porque os militares não permitiram a coleta de sangue.
Apesar de terem ficado em silêncio durante o depoimento no inquérito militar, os policiais negam o crime, segundo a defesa deles.
+ PM agride homem e destrói mesas e cadeiras de adegas na zona leste de São Paulo
+ Policiais agridem adolescentes durante operação em Manhuaçu, Minas Gerais
Os militares são suspeitos de estuprar uma jovem de 20 anos, no dia 2 de março, domingo de carnaval. Alcoolizada depois de participar de um bloquinho, a jovem pediu ajuda aos PMs, em Diadema.
Além da violência sexual, ela denunciou que os PMs tomavam bebida alcoólica em serviço. Quando estava dentro da viatura, ela mandou vídeos e áudios pra mãe. Em um deles, ela denuncia a suposta bebedeira dos militares em serviço.
A vítima também confirmou em dois depoimentos que os policiais estavam bebendo. A jovem disse que quando entrou no banco de trás da viatura, a pedido dos policiais, ela viu que eles estavam consumindo uma bebida alcoólica 'aparentando ser whisky'. Os PMs ofereceram a bebida, e ela passou a beber com eles.
A vítima também faz uso de remédios psiquiátricos pra tratar a depressão. A mistura com o álcool provocou apagões de memória.
No depoimento, ela descreveu assim os momentos de terror: os policiais a levaram até uma rua deserta onde, foram até o banco traseiro, onde acariciaram o corpo inteiro dela e a obrigaram a realizar sexo oral, por 20 minutos. Ela disse que em virtude da situação não consegue se lembrar se houve "conjunção carnal".
Os policiais estão presos preventivamente. Além da suspeita de estupro, eles são acusados de dois crimes militares: abandono de posto e descumprimento de missão.